“Quando todo mundo está pensando igual é porque ninguém está pensando muito”
Não tenho dúvida de que os panelenses estão cada vez mais atentos aos assuntos que permeiam a esfera política do município. Também não há dúvida de que existe, de fato, um descontentamento com a mera possibilidade de Lourinho voltar (como líder) e tentar lançar-se candidato. Não pense que tirei essa ideia do nada, conversei com várias pessoas da oposição, inclusive, com pessoas da zona rural que estão “cansadas de não se sentirem parte de um grupo quando não tem eleição”.
Decidi escrever sobre isso por três motivos: 1) quero analisar objetivamente e prestar o devido respeito a esse grande ser humano que Lourinho é; 2) mostrar que não há um “grupo” de oposição e que isso definiu o resultado das ultimas campanhas; 3) desconstruir qualquer tipo de argumento de que Lourinho é um político e que merece disputar o executivo. Fiquem à vontade para discordar, quando todo mundo está pensando igual é porque ninguém está pensando muito.
Para começar encontrei poucas pessoas na vida que tivesse o coração e a vontade de ajudar as pessoas que Lourinho tem. Humildade, bondade, altruísmo são só alguns adjetivos para esse cara. Precise de ajuda e duvido que, dentro das possibilidades, ele negue. Muitos já foram canonizados por menos que isso, entretanto, estamos falando de política, e é justamente aí que o perfil dele não se encaixa. Ser líder é complicado, mas ser líder político é pior ainda.
Agora entramos no segundo motivo desse artigo: “mostrar que não há um “grupo” de oposição e que isso definiu o resultado das ultimas campanhas”. Existem várias definições e tipos de grupo; grupo matemático, grupo militar, grupo sanguíneo etc., penso que para o caso a mais adequada seja a definição sociológica: “sistema de relações sociais, de interações recorrentes entre pessoa. Para haver um grupo, é preciso que os indivíduos se percebam de alguma forma afiliados ao grupo”. Agora eu pergunto: fora das campanhas políticas você, da “oposição” se sente parte do grupo? Interage de alguma forma com pessoas desse grupo? De quantas reuniões desse grupo você participou fora de “tempos de campanha”? Já começo a ouvir as contra-argumentações, no entanto, grupo é grupo. Reunir pessoas por um tempo e dispersá-las em seguida tem outro nome.
Passamos para o terceiro motivo: desconstruir qualquer tipo de argumento de que Lourinho é um político e que merece disputar o executivo. Entramos naquilo que o filósofo Immanuel Kant (1724 – 1804) chamou de “verdade necessária”, cuja negação envolve uma contradição interna. Por exemplo: políticos representam. A representação é parte da definição de um político, de modo que negar essa afirmação implica na negação do que seria “ser um político”. O que quero dizer é que faltam qualidades essenciais para que Lourinho possa ser enquadrado no perfil do líder político. A política envolve mais razão e menos sentimentos, menos coração; por isso definitivamente a liderança do grupo não é o lugar dele.
O político é o típico cara que avança, que se movimenta rápido, que para pra conversar, que negocia, que convence quando pode ou engana quando necessário, que grita quando tem que gritar para defender interesses do grupo. O político é aquele que quase não para em casa, que busca fazer alianças com diversos tipos de pessoas. Sabemos que nada do que foi dito combina com ele.
Se você ainda está com alguma dúvida pense o que faria se tivesse conseguido quase a mesma quantidade de votos que o candidato eleito. Pense se você não frequentaria a câmara ao menos uma vez ao mês. Ou se deixaria de articular para que alguém da oposição ocupasse a presidência da câmara. Pense se deixaria seu grupo ser dividido tão facilmente na campanha passada. Teria, com essa quantidade de votos, deixado o açude ser aterrado sem levar o povo para protestar? Com quase a mesma quantidade de votos do atual prefeito, você deixaria sua ONG praticamente “desativada”?
Não é possível encontrar três motivos plausíveis para que Lourinho mereça ser considerado melhor opção para liderança política da oposição, pois nem sua conduta pode ajudar, nem seu histórico o salva. Hora de descobrir quem é o verdadeiro líder e solidificar o “grupo”, se negligenciarem esses fatores, infelizmente, e, mais uma vez; estarão fadados ao fracasso.
Por Pierre Logan
Charge: Lourinho prefeito? |
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