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SÉRGIO MIRANDA – UM POLÍTICO EM DECADÊNCIA

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Publicado em 09/12/2019 | Atualizado em 21/02/2022

Abraham Lincoln (1809 – 1865), o mesmo político americano que escreveu que a democracia é um governo “do povo, pelo povo e para o povo”, foi também o criador da célebre e feliz passagem que diz: “pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar todos todo o tempo. Talvez ele tenha dito isso sabendo que a maioria dos governos despóticos tem uma média de vinte anos de duração, talvez tenha dito isso quando viu o jogo dentro da house of cards de sua época; o fato é que acertou em cheio. O declínio e a derrocada inevitável do ex-prefeito do município de Panelas na política do município apresentam-se como mais um exemplo do fim de um governo despótico.

O fato de elegermos alguém por meio do voto não quer dizer que esse alguém governe democraticamente. Significa apenas que ele foi eleito de maneira democrática. Qualquer político pode ser eleito através do voto popular e governar de maneira autoritária e irresponsável. Isso ocorreu com o nosso município em meados da década de 90.
Em 1996 elegemos o senhor Sérgio Miranda, que assumiu a prefeitura de Panelas em 1997. Iniciando seu governo no embalo do crescimento econômico com o empurrão dado pela criação do plano real em 1994, sua gestão começou com força total e a cidade se viu bem administrada naqueles primeiros quatro anos de governo. Por desconhecimento ou esperteza, o então prefeito nunca falou sobre a sorte que deu em pegar uma economia organizada (ou se organizando), pelo contrário, sempre se referiu ao governo de Demócrito (1989 –1992) ou de Sizino Moura (1993 – 1996) como sendo ruins ou irresponsáveis. Não contextualizando os fatos, Sérgio Miranda, com seu discurso absolutamente anacrônico, até um dia desses utilizou a mesma falácia para dizer que esses governos não pagavam em dia.
Em 2001 o ex-prefeito foi reeleito graças ao sucesso de sua primeira gestão e uma equipe de ponta e ficaria no poder até 2004, seria denunciado pelo Ministério Público Federal, respondendo no Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF5) em uma ação penal por aquisição de bens sem concorrência ou coleta de preços, crime previsto no artigo 1°, inciso XI, decreto-lei n° 201/67. O crime teria ocorrido por aplicações irregulares de recursos federais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O fato é que o povo ainda via ele com os olhos do primeiro governo.

O tempo passou e nada de novo foi criado debaixo do sol. Quem ele apontou como candidato venceu, quando ele se apontou venceu, mas o povo começou a cansar depois de reparar que havia algo podre nas águas da mesmice e do repeteco do discurso político. Alguns ficam mais sábios enquanto envelhecem, outros ficam prepotentes e no afã de estarem sempre no poder e poder para mandar em tudo surtam na primeira oportunidade.
O primeiro surto haveria de ser o primeiro sinal de decadência. No meio de várias boas opções para indicação para eleição de 2016, o então prefeito indicou Joelma Duarte, alguém sem nenhum preparo para administrar o que quer que fosse. Ignorando Ruben Lima, Ivan Nogueira, todos os vereadores e qualquer político da cidade, sua opção foi pela pessoa mais subserviente. A ideia seria, claramente, continuar mandando. Joelma Duarte não teria condições, como até hoje não tem, nem de administrar suas próprias palavras.
Daí para frente foi um show de horrores. O ex-prefeito, traiu seu partido, dizia acabar com a Guarda municipal (que já era ilegal desde o seu governo) se seu candidato não ganhasse; que a oposição era composta por pessoas que pareciam hienas (comiam merda, faziam sexo semestralmente e viviam rindo); que tentou levar empresas para Panelas, mas o povo era incapacitado; que professores eram incautos etc. Um absurdo atrás do outro. Além de bobagens como não fazer concurso para Guarda Municipal para poder acabar com a guarda e não ter que manter agentes a vida toda; anular um concurso público porque cobrou muita constituição e piorando… Boatos espalhados pela cidade de que gritos e humilhações do secretariado eram constantes, escândalos de nepotismo, recomendações de rejeição de contas e, finalmente, sua última conta rejeitada pela Câmara de Vereadores (algo inédito em tantos anos).
A polícia Federal investiga o desvio de dinheiro de mais de 100 milhões de várias prefeituras do Agreste, dentre elas Panelas. Desvio de dinheiro público investigado pela polícia civil, derrota no caso do concurso na segunda instância, uma derrota e um escândalo depois de outra derrota e outro escândalo.
Depois disso o vereador presidente da Câmara foi afastado do “grupo político”, o vice-prefeito rompeu com o time sergianista, vereadores também pularam fora do barco, secretários saindo, funcionários com medo, descrédito imenso de boa parte da população do município e um clima de vergonha quase que total. O Tal grupo político começou a se desmanchar.
O Ministério Público processou o ex-prefeito por falta de transparência e as idas na rádio da nossa querida cidade vizinha, Cupira, são apenas para passar vergonha e anunciar mais centralização de poder e mais gastos para máquina pública.

Hoje temos um município que recebe quase 80 milhões em receitas somente em 2019 e é chamado de carente. Uma cidade que já se chamou Olho D’água vivendo recorrentes secas, turismo zero, saúde um caos, empregabilidade baixa, desenvolvimento inexistente e a cultura nem se fala. O Brasil anunciou recentemente uma guinada na economia, voltamos aos anos 90 de uma maneira inversa. Estamos vendo um país melhorando aos poucos na sua economia e uma cidade ficando cada vez mais pequena. Um político conhecido por sua força e consistência política enfraquecer-se de tal modo que seus falsetes denunciam: não se consegue sustentar nem a voz.
 

Coluna Política // Por Pierre Logan
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Formado em Filosofia, é licenciado pela Universidade Cruzeiro do Sul, Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo. Membro do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, da comissão de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil e  Jovem Advocacia de São Paulo. 




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