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PANELAS NÃO TEM 148 ANOS?

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Publicado em 14/05/2018 | Atualizado em 21/02/2022

Se um povo que “não conhece sua história está condenado a repeti-la”, Panelas já repetiu muito sua história e, pior: estacionou no tempo. Estacionou no tempo e puxou a macha à ré. Panelas não só não conhece sua história porque tem preguiça de pensar, o povo panelense foi enganado. Se você fizer uma pesquisa simples notará que os dados que temos não fazem o menor sentido. Mesmo uma criança pesquisando na internet com atenção, perceberá que é tudo uma mistura de dados feitos por “historiadores” ruins (geralmente de rabo preso com a administração pública da época). Algumas coisas são tão óbvias que não se precisa nem de um cérebro para perceber. A primeira e principal coisa a se entender é que: todos nós fomos enganados!

Confúcio disse que para prevermos o nosso futuro devemos estudar o nosso passado. A desgraça acontece quando nossas escolas nos ensinam errado a história, o desgoverno potencializa o erro, as gerações crescem sendo enganadas e os danos ao espírito do povo são irreparáveis. Não podemos ter orgulho de uma história que não é a nossa. Não podemos ter orgulho de historiazinhas contadas para esconder o fato de que quem nos conta não sabe patavina do assunto. O sergianismo não só fez a população do município ficar desinteressada, preguiçosa e idiotizada para progredir, ele fez ela ficar inerte e cumplice do governo que mais atrasou a vida da cidade. Me desculpem, meus queridos conterrâneos, mas para dizer o que vocês querem ouvir, vocês já têm muitos embusteiros. Panelas não precisa de governo, Panelas precisa de curatela. Essa é uma das razões que faz com que eu continue tentando acordar essa cidade. Espero que minha teimosia seja mais insistente do que a estupidez dos que ainda seguem o câncer chamado sergianismo. Vamos as contradições históricas panelense.

Primeiro o “hino da cidade” que você encontra no site oficial da prefeitura (veja) não é o Hino da Cidade. Essa é uma das mentiras que o sergianismo conta. O hino que você vê como “nosso hino” na página oficial da prefeitura é o hino do centenário, observe a data do hino (1970), cem anos depois da suposta emancipação, ou seja, a cidade não podia estar completando cem anos de emancipação sem um hino municipal. Em outras palavras, o hino que dizem ser da cidade, é na verdade o hino de aniversário da suposta emancipação. E quem diz isso é o próprio hino:

Festejamos o teu aniversário,
Nesta data com todo fervor
Oh, Panelas, teu nome lendária
Simboliza a paz e o amor

A parte “festejamos o teu aniversário” deixa claro que o hino trata o centenário e não da fundação, pois não faria sentido nenhum festejar o aniversário na data de fundação.

Pela lógica do hino, Panelas não teria 148 anos porque está claro que o compositor (e provavelmente todos da época dele) consideravam Manuel de Miranda Santiago ou José de Miranda Santiago fundador do município, observe:

Teu passado nós sempre evocaremos
Na pessoa do teu fundador
Miranda sempre lembraremos
Homem forte e de valor

Não fique triste sergianista idiota (com o perdão do pleonasmo), o “Miranda” do hino não tem nada a ver com o “coisa” (Sérgio Miranda), mas sim com os Mirandas de Demócrito Miranda, Demóstenes Miranda (Deda), etc. Esses eram os homens fortes com muitos valores. Se o hino tratasse do “coisa” teria que dizer “Miranda sempre lembraremos, porque fala no lugar da prefeita atual”. Voltando ao que é interessante, porque os atuais politiqueiros de Panelas são desinteressantes, obtusos e covardes, percebemos que o cidadão que escreveu a letra para o centenário entrou em contradição, pois se fez o hino para comemorar o centenário, não teriam Manoel de Miranda Santiago como fundador, já que se assim o fosse, Panelas teria mais de 200 anos.

Agora você deve ter notado que todas as vezes que falei da data da emancipação neste texto, eu usei “suposta” (entre aspas) porque não faz sentido dizer que Panelas “tornou-se Vila pela Lei Provincial n° 919 de 18 de maio de 1870” e dizer que nessa mesma data ela teria conquistado sua emancipação. A Lei provincial n°919 emancipou Bezerros, Caruaru e outras, mas o que ela diz no seu artigo 2° é que “Eleva-se à vila o povoado de Panelas”. Imagem do documento original ao lado.

Na época a Constituição vigente era a do império (1824) que já fazia a distinção de vila e cidade. Os distritos que tinham sede de municípios eram chamados de cidades, aldeias ou vilas. Somente o distrito-sede eram considerados cidades como conhecemos hoje, pois somente esses possuíam autonomia municipal. Aqueles que não possuíssem autonomia municipal não eram emancipados. Isso complicaria um pouco as coisas, mas, já que a secretaria de cultura da cidade é incompetente e preguiçosa e não sabe fazer outra coisa além de tirar fotos, eu explico.

O que a lei provincial n° 919 fez foi transformar Caruaru e Bezerros no que chamamos hoje de cidades. Panelas e Quipapá eram chamados de freguesias, mas essa mesma lei transformou as duas freguesias (Panelas e Quipapá) em um município, Panelas era a suposta sede, portanto, cidade supostamente autônoma. Perceba que não faz sentido Panelas e Quipapá comemorar emancipação pela mesma lei e na mesma data. Como devem ter percebido eu disse “supostamente” mais uma vez.

Lembra que anteriormente expliquei que para ser considerada emancipada uma cidade teria que ter autonomia municipal? Então, Panelas só conseguiu instalar sua Câmara em 14 de novembro de 1872 (dois anos depois), teve seu primeiro prefeito em 1891 (vinte e um anos depois), foi constituído em 27 de fevereiro de 1893 (vinte três anos depois) quando adquiriu autonomia legislativa, com base na Constituição Estadual e no artigo 2° das disposições gerais da Lei Estadual n° 52 (Lei Orgânica dos Municípios), de 03 de agosto de 1892.

No Plano Municipal de Educação (2015-2025) encontra-se, inclusive, a seguinte passagem (pagina 19): “[…]torna-se município autônomo no dia 1 de março de 1893 […]”. Então é o seguinte:

Se o fundador de Panelas foi o Capitão Francisco Rodrigues de Mello, então Panelas tem cerca de 235 anos.

Se os fundadores de Panelas, como diz o hino, foram os irmãos Miranda (José de Miranda Santiago e Manoel de Miranda Santiago, então Panelas terá cerca de 203 anos.

Se comemorarmos nossa emancipação quando nos emancipamos (no sentido estrito da palavra) ela completará 125 anos.

Se Panelas comemorar sua emancipação quando se tornou vila, mas não se emancipou de fato, então, ela tem 148 anos.

Como o município tem uma tradição católica e temos nossa história inegavelmente relacionada com a Paróquia Bom Jesus dos Remédios, penso que deve-se, pelo óbvio, seguir o exemplo da Cidade de São Paulo que escolheu o 25 de janeiro de 1554 o marco zero, para homenagear os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta que fundaram o colégio que seria o centro de educação e formação dos indígenas para se adequarem ao modo de vida dos jesuítas, e comemorarmos o aniversário da cidade conjuntamente com a Paróquia. O que nos daria 156 anos de existência. Isso porque Panelas está mais ligada a sua fé, tanto pela história com a capela quanto sua história com a guerra dos cabanos (os cabanos praticamente carregavam uma igreja por dentro das matas) do que por reconhecimento ou não do governo que mais de uma vez tentou dobrá-la e não conseguiu.

Sem dúvida é importante conhecermos a nossa história, investiga-la e descobrir quais as raízes que nos fizeram como somos. O que alimentou nossos antepassados e do que andamos nos alimentando. Olhando Panelas com os olhos de um filho que se preocupa com a sua mãe, penso que ela deveria mesmo era seguir o conselho do Bom Jesus dos Remédios e nascer de novo. Resgate-se o espírito dos verdadeiros Mirandas e tire-se de cena o impostor que ficou no lugar dele.

Coluna Política // Por Pierre Logan

Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected] ou [email protected]


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