Depois do hiato que fiz para falar sobre os impactos da mudança provisória de governo (Dilma-Temer) no que tange à educação nacional, dou prosseguimento aos comentários que venho fazendo sobre o Plano Municipal de educação – PME panelense. Hoje tratarei de mais cinco metas das quinze que compõem o documento. Sei que é difícil manter o foco em Panelas enquanto os noticiários teimam em nos deixar ainda mais incrédulos sob o que vem acontecendo na conjuntura político-educacional do nosso país. Os absurdos vão desde a política do desdizer-se do Ministro ‘Mendoncinha’, até a reunião entre ele e o ator Alexandre Frota (integrante do revoltados on-line), com o objetivo de debater propostas para a educação do Brasil! Oi? Para não me prolongar ainda mais (e, consequentemente, aumentar minha mais profunda tristeza), vamos às metas:
- Sexta meta: Oferecer educação em tempo integral em 100% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 50% dos alunos da educação básica;
- Sétima meta: Fomentar (desenvolver) a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades com o intuito de atingir as médias nacionais para o ideb;
- Oitava meta: Elevar a escolaridade média da população de dezoito a vinte e quatro anos, de modo a alcançar as populações do campo, as regiões de menor escolaridade, os 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros;
- Nona meta: Elevar a taxa de alfabetização da população com quinze anos ou mais para 70% até 2017 e erradicar, até o final da regência desse plano, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% o analfabetismo funcional;
- Décima meta: Oferecer, no mínimo, 15% das matrículas de educação de jovens e adultos EJA na forma integrada à educação profissional nos anos finais de ensino fundamental.
Lembrando que as metas aqui expostas correspondem a 1/3 do total, sendo assim, trabalho é o que não falta para o grupo que hoje está à frente da Secretaria de Educação de Panelas. Cada meta dessa vem acompanhada de uma lista de estratégias para que possa ser alcançada, ou seja, tudo está traçado no PME, para não dizer desenhado, pronto para ser colocado em prática.
O que me deixa um pouco preocupada diz respeito à EJA, precisamente às metas oito e dez. Falo em preocupação, pois o trabalho que vem sendo feito no município está longe de oferecer uma base sólida para que essas metas sejam cumpridas. Outro ponto crítico diz respeito às políticas públicas do governo Temer para a educação. Pelo que consta nos documentos divulgados pelo partido de Temer, haverá uma espécie de focalização de alguns níveis de ensino em detrimento de outros, como no tempo do governo FHC. Como assim? Alguns níveis serão priorizados, enquanto outros ficarão em segundo plano, foi o caso da EJA no governo FHC.
Essa visão fracionada prejudica o conjunto complexo dos níveis de ensino, afetando qualquer meta que tente abarcar ensino regular e ensino voltado ao retorno dos cidadãos às salas de aula. Sem falar na meta 10 que prevê integração entre a EJA e o ensino profissionalizante para 15% das matrículas, ou seja, oferecer a esses cidadãos, a maioria adultos, a possibilidade de se profissionalizar enquanto cursam os últimos anos de ensino fundamental, agora me digam, como isso será feito em Panelas? Quais profissões serão ofertadas? Qual mercado de trabalho absorverá esses profissionais? É sobre a falta desse alicerce sólido em Panelas que minhas preocupações acabam se materializando.
Oferecer ensino integral (meta 6), assim como fomentar a qualidade da educação básica (meta 7) requer um esforço que ultrapassa o trabalho de manutenção que vem sendo feito em Panelas. Manter o que já se tem é continuar com os mesmos resultados medíocres que estão apontados no próprio PME.
“A necessidade pode ser a mãe da invenção, mas agir é certamente o pai”
As estatísticas comprovam que não há muito o que comemorar, pois caso tivesse, não seriam imprescindíveis tantas metas a cumprir, tantos panelenses ainda a resgatar para a sala de aula. Temos necessidades básicas em todos os níveis de ensino e, como disse Platão “A necessidade é a mãe da invenção”, sendo retomado por Oech que complementou “A necessidade pode ser a mãe da invenção, mas agir é certamente o pai”. Tomemos isso como uma recomendação, se frente às necessidades de nossa cidade as políticas públicas continuam as mesmas, é chegado o tempo de inventar novos meios, de agir sob outras orientações, pensemos nisso.
Coluna Educação // Por Sheila Alves
Professora, graduada pela UPE em Letras e
especialização em Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas.
E membro fundador da Associação Comunitária de São Lázaro (Panelas-PE).
especialização em Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas.
E membro fundador da Associação Comunitária de São Lázaro (Panelas-PE).
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