Durante muito tempo os professores ouviram em silêncio os gritos da corrupção ostentando um discurso hipócrita de que a educação era algo fundamental e que professores eram a base de toda sociedade civil. Não se dizia que nada seria feito pela classe educacional, pelo contrário, se falava de sua importância e de como jamais nenhum deles seria prejudicado. Em ações, apesar do que dizia da varanda do 10ª andar da demagogia mais patética e mascarada, seus direitos foram negados da forma mais covarde e sub-reptícia. E mais uma vez o silêncio mais ensurdecedor e sufocante deu um nó na garganta de cada educador.
A palavra “aluno” originou-se do latim que significa “A” (sem) + LUNO (luz), portanto, sem luz. Os professores são, dessa forma, aqueles seres responsáveis para levar luz para nossos filhos e portanto esperança para nossa casa. A família pobre, chamada de carente há mais de vinte anos pelo desgoverno local, não tem outra forma de acreditar no futuro senão investindo suas fichas esperançosas em suas crianças, em seus filhos, em seu futuro.
“Panelas é mais do que grupos políticos. Panelas é maior do que cada um dos que estão presentes aqui porque ela é feita por todos os que vivem nesta cidade juntos
Muito se diz sobre crianças serem o futuro, mas o futuro está vindo para escola em transportes sucateados, estudando com professores desvalorizados e injustamente chamados de incautos, hienas e incapacitados. Nosso futuro vê escolas pintadas, mas também vê direitos sendo castrados não por políticos, mas por politicagem, não por representantes do povo, mas por representantes de “grupos políticos”. Panelas é mais do que grupos políticos. Panelas é maior do que cada um dos que estão presentes aqui porque ela é feita por todos os que vivem nesta cidade juntos.
Cada professor representa uma parcela dos que levam uma pequena centelha de luz para nossos filhos, filhas, sobrinhos etc. Conforme eu mesmo já disse na tribuna da Câmara de Vereadores, poderíamos falar horas sobre direito, leis, da jurisprudência mais enraizada, da teoria jurídica mais profunda, todavia, a técnica jurídica não convenceria nenhuma consciência corrompida, culpa cauterizada ou como queiram chamar esses esperneios esquizofrênicos que chamam de política de grupo. Não há como convencer com argumentos quem tenha perdido a noção de humanidade. Não há como convencer com palavras que não enxerga a realidade presente e a necessidade da nossa população.
O significado máximo de justiça é “dar a cada um o que é seu”; é por isso que os professores não estão pedindo mais e tão pouco aceitam menos. Cada um quer apenas o que é seu. Nada mais! Os nossos mestres não estão pedindo um centavo a mais do que eles tem de direito.
Ouvi e ouço se falar em respeito. O professor está pedindo reajuste porque isso depende dos vereadores (no caso de Panelas), o respeito eles conquistaram na labuta diária, na porrada sagrada de cada dia e na construção evolutiva de sua própria história de luta. Não estão pedindo aos vereadores eleitos o que suas excelências já devem a eles; respeito. Pedem reajuste. O reajuste vem antes do respeito e não o respeito antes do reajuste. Primeiro cada um faz o seu papel, depois de se avaliar o trabalho é que se justifica o ato de se respeitar ou desrespeitar.
Acreditem, senhores e senhoras, todo ato de desrespeito para com autoridades que têm o poder da caneta, também é um ato democrático. A democracia tem seu preço e isso ficou bastante desenhado diante de tudo o que se diz e tudo o que se faz no nosso município.
A discussão sobre reajuste não está andando para frente, está andando em círculos. Isso é um assunto que não deveria sequer ser debatido. O direito é dos professores! Ponto! Não há argumento que se sustente diante de fatos que se provam pelo simples fato de serem descrição precisa da realidade existente.
Vamos ocupar a Câmara, vamos caminhar pelas ruas, vamos entrar na prefeitura, vamos chamar pais e mães de porta em porta, vamos fechar ruas, cantar nas praças; subir em carros se for preciso. A democracia nos permite isso! A democracia nos permite fazer coisas que poucos nessa cidade sabem que podem fazer e eu vou ensinar. Se os direitos de nós professores forem negados, vamos dar a eles um dia de manifestação que nunca se esquecerão!
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Formado em Filosofia, é licenciado pela Universidade Cruzeiro do Sul, Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo. Membro do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, da comissão de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil e Jovem Advocacia de São Paulo.