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PANELAS, POLÍTICA, HIPOCRISIA E RELIGIÃO

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Publicado em 28/05/2018 | Atualizado em 21/02/2022

Não concordo com a máxima que diz que “política e religião não se discutem”. Penso que essa é uma afirmação pobre e repetida, principalmente, de maneira irrefletida por pessoas despreparadas tanto para a religião quanto para a política ou por quem, propositalmente, de maneira hipócrita e absolutamente irresponsável, repete para se beneficiar com a frase. Com este pequeno texto vou provar que tanto política quanto religião são passiveis de discussão.

Toda trajetória de Jesus o Cristo foi pautada na verdade. A verdade liberta. Não se precisa nem do mínimo de conhecimento teológico para saber que Jesus não prometeu facilidades em nome de enriquecimento pessoal ou familiar. O Cristo também não disse que sua vida seria de paz, alegria e felicidade plena numa terra repleta de gente se abraçando e amando indistintamente quem oferecesse um copo de cachaça, um emprego em troca de sua total submissão. Infelizmente, boa parte da população e praticamente todos que seguem o sergianismo são hipócritas que usam a religião cristã para esconderem sob os traços da humildade e caridade cristã o fato de que há tempos venderam sua alma para “a besta que subiu da água”: a corrupção política.

“Religião se discute sim. O que não se discute é a FÉ”

Em primeiro lugar vamos desmistificar a falácia de que religião não se discute. Religião se discute sim. O que não se discute é a FÉ. Religião (do latim religio, -onis) é um conjunto de culturas e crenças, visões de mundo e que estabelece símbolos que variam de acordo com valores morais. Religião obedece a regras humanas, hierarquias e clericais. Na religião temos um tipo de processo cultural ou de adesão a determinada ordem religiosa.

Fé (do latim fide) é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que cada um toma como verdade, sem qualquer tipo de prova ou mesmo qualquer critério objetivo de verificação. Na fé não existe espaço para dúvida. Em outras palavras, não é possível ter fé e duvidar ao mesmo tempo. Religião tem aspecto público, muitas vezes ligado a ordem social. Fé é de natureza privada, é algo íntimo e de ordem pessoal. Agora que já colocamos a religião e a fé em seus determinados lugares, vamos para política e para hipocrisia.

“Na fé não existe espaço para dúvida. Não é possível ter fé e duvidar ao mesmo tempo”

Sabendo que a fé é a única adesão incondicional a uma hipótese. Já podemos concluir que política se discute porque ela é passível de verificação, de teste, de prova e de comparação. Não escolhemos partidos, ideias, programas de governo baseado na fé, mas nas preferências de ordem lógica, pessoal, ideológica etc. Agora, a hipocrisia é patente e você com toda certeza vai pensar em alguém (com nome, cara e CPF) quando ler o próximo parágrafo.

Vemos com muita frequência “assistentes” do desgoverno caminhando com suas crianças rumo à igreja. Gente que usa o nome de Deus e se apoia na religião como se ela fosse uma muleta, não um caminho ou uma ligação com o Divino. Gente que diz estar de acordo com os dois principais mandamentos cristãos: “amar Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Fazem homenagem a seus santos, cantam para “glorificar” o Deus que acreditam e, na segunda-feira pela manhã voltam a ofender, denegrir, mentir, enganar ou se submeter a ordens que ofendem não só a moralidade, mas também vai contra aquilo que a religião cristã prega.

“Não há como você ser corrupto e honesto ao mesmo tempo”

Não há como você ser um cristão verdadeiro e um seguidor do sergianismo ao mesmo tempo. Do mesmo jeito que não há como você ser corrupto e honesto ao mesmo tempo. Uma coisa exclui automaticamente a outra.

Cristo pregava a humildade verdadeira. O sergianismo viciou o povo na arte da falsa modéstia. A religião prega a caridade discreta. O sergianismo prega o espetáculo holofótico onde não basta manter o povo na miséria e fingir que está ajudando, tem que filmar, fotografar e postar tudo.  A religião prega a caridade como estilo de vida. O sergianismo prega a caridade com datas marcadas e público alvo definido.

A religião cristã prega a não submissão seja a reis, tiranos ou desgovernos. O Cristo pregava a paz, mas afirmou trazer a espada. O sergianismo ensina que você ou se rende, ou se cala ou se esconde. A religião ensina que não se pode trocar o bem comum por favorecimento pessoal, que Deus está no outro e em você mesmo. O sergianismo prega a “teologia da prosperidade provinciana”, onde somente os amantes do desgoverno e seus defensores estão se dando bem na vida. Que o correto é o fingimento e que a saída é apoiar o atraso.

O que me assusta, como cristão, como cidadão e como livre pensador é que os líderes religiosos não tenham tomado uma atitude ostensiva em relação a essa correlação realidade-religião. Teologicamente falando, a besta que subiu do mar seria a corrupção política (feia, assustadora, disforme, horripilante); já a besta que subiu da terra seria algo com boa aparência, que parece ser bom, que traz certo conforto e que engana. O famoso anticristo.

“Uma cidade construída em torno de sua capela, em torno de sua religião e em torno de sua fé; as coisas deveriam ser diferentes”

Fico me perguntando se, os atuais líderes religiosos não percebem o papel que a religião tem na sociedade como um todo. Se acreditam que conseguem salvar efetivamente muitas almas e vidas enquanto o desgoverno fabrica por dia o dobro de necessitados que eles conseguem alcançar num mês. Fico refletindo sobre meu papel de cidadão, cristão e penso que numa cidade construída em torno de sua capela, em torno de sua religião e em torno de sua fé; se as coisas não deveriam ser diferentes.

“A política não tem nada a ver com a fé, mas o proselitismo, a pobreza espiritual e a fábrica de gente carente se chama Prefeitura, tem líder, fiéis e doutrina certa”

Se é para acompanharmos o empobrecimento sistemático e em massa das pessoas e ajudar “caridosamente” de maneira esporádica e eventual, então, deve-se refletir se estamos tomando a politicagem como estilo de vida e a religião como postura política de aparência. A política não tem nada a ver com a fé, mas o proselitismo, a pobreza espiritual e a fábrica de gente carente se chama Prefeitura Municipal de Panelas que tem líder, fiéis e doutrina certa. A hipocrisia é a fé do sergianista.
Eu acredito que Jesus caminhou e viveu de forma coerente e com isso nos ensinou que Deus pode estar mais no exemplo do que no templo. Acredito, ao contrário dos sergianistas, que não devemos nos submeter a políticos, executivos e nem governos. Penso que só devemos nos ajoelhar para um único Ser e que Ele não é deste mundo!

Coluna Política // Por Pierre Logan

Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected] ou [email protected]


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