O título é triste. Como panelense nato não me sinto à vontade para falar que minha cidade natal sucumbiu à corrupção e aceitou a forma mais fácil de fazer as coisas. Infelizmente “o coisa” implantou um sistema que alimenta aqueles com inclinação para o errado e fez nascer uma nova leva de calhordas. Desta forma, calhordas elegem calhordas e como resultado de um governo diabólico, colhemos apenas os frutos oriundos de uma sociedade guerreira que evanesce aos poucos no meio da hipocrisia.
Hipocrisia vem do latim hipocrisis ou no grego hupokrisis, o sentido é artístico e significa aturar, fingir, representar. Se precisar de um exemplo prático, observe a aparente prefeita Joelma Duarte (PSB). Na verdade, nossa “prefeita” conseguiu ser a primeira pessoa da história do Brasil a perder a capacidade de fingir. Ela não consegue fingir muito bem, pois quando está do lado do “coisa”, fica claro quem é que manda e quem obedece. A atual indigestora municipal foge do sentido literal da hipocrisia, já que perdeu, inclusive, a capacidade de ser hipócrita, pois acaba acreditando na mentira que vive.
Tenho acompanhado alguns documentos postos no site do TCE e outros poucos documentos que a intransparência intransigente do desgoverno municipal permite que cidadãos preocupados com o desenvolvimento da cidade vejam. É realmente assustador o nome das pessoas que conheço pessoalmente que claramente estão envolvidas com o desgoverno e que aparentam serem pessoas comuns vivendo uma vida simples, com o nariz empinado e se achando hipocritamente melhor do que as pessoas que conseguem sobreviver com míseros R$ 250 por mês. É ensurdecedor o silêncio que a covardia instala na garganta das pessoas. Aos poucos a complacência silenciosa (o que chamo de silêncio qualificado) acaba esvaziando os corações das pessoas que não se orgulham de serem nada (porque realmente não são) e por isso contentam-se em ter alguma coisa para que, baseada no valor que a coisa tenha, possa enxergar em si o valor de si mesmo. É a mais patente e abjeta “coisificação do homem”.
Mas para onde caminha uma sociedade que vive de aparência em quase todos os rincões? Como podemos ser homens de verdade se agimos como predadores dos outros? Como podemos ser cristãos de verdade se aceitamos os exemplos dos que governam (os mesmos que crucificaram O Cristo) e continuamos entoando o coro dos que gritam: “Solta Barrabás!”? Fazemos questão de professar a fé que temos, levar nossas crianças para igrejas, ensinar sobre o sacrifício de Cristo e o exemplo que Ele deu, quando na verdade fazemos isso por não sermos o exemplo de nada, além da corrupção, da vaidade, da mentira. Assim, caminhamos contra tudo o que Jesus ensinou. Vivendo numa sociedade corrupta e não lutando para que a corrupção acabe, acabamos nos transformando em hipócritas e rasos, inclusive, na própria fé. Deus não tem compromisso com covardes.
“Pierre, isso é uma coluna política. Por que falar tanto em Deus? Ora, se uma sociedade majoritariamente cristã, não se compromete e nem se sente constrangida diante de um Deus que sabe de tudo, vê tudo e está em todos os lugares ao mesmo tempo (inclusive no momento em que a corrupção se efetiva), como podemos dizer que a boa-fé será regra e não exceção? E se não há boa-fé, por que a presunção de culpabilidade está somente imposta aos pobres e desprovidos de representação? Por que não aprendemos a desconfiar dos que são eleitos?
Poucos sabem, mas quando elegemos pessoas para nos representar, estamos dizendo ao “sistema” que essas pessoas eleitas são pessoas honestas, inteligentes, boas, capazes, ativas. Em outras palavras, estamos dizendo que são o melhor que temos. Pessoas que representam a maioria. Estamos dizendo: “a maioria de nós é assim”. Agora pare pensar nas pessoas que estão na Câmara ou no executivo e responda para si mesmo: aquilo é realmente o melhor que temos? Lembre-se que se essas pessoas forem mentirosas, corruptas, incapazes, desprovidas de competência para guiar a cidade para um futuro bom, estamos dizendo que somos mentirosos, corruptos, incapazes e desprovidos de competência para guiarmos a cidade para um futuro bom. Estamos dizendo: “Sim, eles nos representam! Somos assim!”. Se você não é como eles, então tome as rédeas da sua vida e guie-se para algo melhor. Lute contra isso!
Enquanto nosso silêncio não for daquele um minuto em homenagem aos milhares de mortos pela violência causada pelos próprios políticos que são os verdadeiros corruptores e corruptos, seremos cúmplices do que enriquecem às custas da pobreza dos que trabalham e morrem sem saber que sua própria complacência o matou.
Quando eu digo que determinado político é burro, seus defensores levantam a voz e dizem que sou prepotente. Quando me nego a rebaixar meus argumentos a um nível rasteiro para que esses mesmos políticos possam me entender, dizem que sou arrogante. Quando me refiro aos que desgovernam como os empregados que realmente são, dizem que não tenho respeito pelas “autoridades”. Ora, se o poder emana do povo, a autoridade somos nós e não eles. Então, eles devem vir até nós com o devido respeito e educação para prestar contas. E prestar contas não é fazer propaganda. Dizer que um burro é burro não é prepotência, é uma descrição precisa da realidade. Meu único arrependimento é ofender os pobres dos animais.
Muito agressivo? Na verdade, vocês viram até agora apenas o que mostrei e não mostrei nada além do meu lado bom. Eu trago a Arte da Guerra escrita dentro de mim de uma maneira tão pesada que a de Sun Tzu pareceria livrinho de criança. Muitos me chamam de guerreiro, mas o que sou na verdade é um campo de batalha. Acham que escrevo essas coisas para me vangloriar? Não. Passei dessa fase. Eu falo porque antes de ser uma exceção eu sou um exemplo. Um exemplo dos muitos que represento e para aqueles que sabem que Panelas não anda para frente, ela anda em círculos. E para aqueles que sempre me avisam para ter cuidado, para ficar quieto, pois os “poderosos” podem querer me matar, em verdade e em verdade eu lhes digo: nem me matando vão parar o que comecei; e se acham que sou agressivo, esperem os que virão depois de mim. Será épico!
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected]