Avançar para o conteúdo
Início » Publicações » Política » Panelas e o mito da caverna

Panelas e o mito da caverna

Publicado em 16/09/2014 | Atualizado em 21/02/2022

Platão (428-7 a.C / 348-7 a.C) foi um filósofo e matemático do período clássico de Grécia Antiga. Foi o fundador da Academia, em Atenas, que é considerada como a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles, Platão é conhecido como um dos maiores filósofos da história. Sua filosofia inspirou muitos outros pensadores e obras cinematográficas, uma das mais conhecidas e que utiliza o mito em questão como base é o filme Matrix. Será que um cara como este tem algo a dizer sobre nossa cidade?
Quando esse filósofo escreveu o VII livro, da República, com certeza ele estava nos mostrando uma daquelas verdades que nos faz pensar se estamos mesmo em evolução (sociedade) ou se as coisas mudam apenas de cor e de cheiro. A cultura nos enriquece e nos cega ao mesmo tempo. Vou, antes de tudo, fazer um brevíssimo resumo do mito da caverna de Platão.
Sócrates, conversando com Glauco, sugere que imaginemos uma caverna onde há entrada para luz em toda sua extensão. Dentro dessa caverna existem homens presos de tal modo que só conseguem olhar para a parede da caverna. Estão nessa situação desde a infância. Atrás deles “a certa distância e altura” há um fogo cuja luz os ilumina; entre o fogo e os cativos existe um caminho inclinado. Como não conseguem se mexer, enxergam apenas as sombras, das pessoas que passam no caminho, projetadas na parede.
Esses homens podem conversar entre si, logo passaram a dar nomes às sombras que enxergavam, e, supondo que os homens ouvem os ecos das vozes e ruídos, passam a atribuir esses sons às sombras, pois criados nessas condições durante toda vida, não conhecem outra coisa. Eles não acreditam que haja nada de real além das figuras que vislumbram.
Depois Sócrates pede para que imaginemos que um dos prisioneiros foi libertado e começa a andar pela caverna, ao olhar firmemente para luz senti dor, pois nunca havia vislumbrado tal efeito. Após sair da caverna o homem começa a observar os objetos que antes conhecia apenas por sombras e, obviamente começa a entender que o que via anteriormente não era real, mas sim, mera representação do real.
Nosso amigo volta para a caverna e conta para os que estão presos tudo o que viu. Diz que o que eles conseguem ver são sombras e que elas não são os verdadeiros objetos. Os prisioneiros riem e tiram sarro do homem; afinal, que loucura é essa de brisa, água de rios, horizonte e árvores verdes? É possível que acreditassem que ele era um louco e que não estava dizendo coisa com coisa. Acham que o mundo fora da caverna deixou aquele homem louco e se alguém tentar fazer com que eles saiam da caverna, eles serão capazes de matar para que não os submetam a isso.
Lembrando que esse é um resumo, do resumo, do resumo. Agora imagine ficar preso a uma cultura que nos diz que aquela situação é a única que existe. Uma cultura que nos faz crer que as drogas legais, músicas ridículas, políticas dos hipócritas e o puxasaquismo é o correto. Uma cultura que nos diz que somos alegres, ostentadores de roupas caras, aparelhos modernos e festas. Uma cultura que nos faz crer que devemos ser oportunistas. Não será difícil de entender que se alguém que “saiu dessa caverna” voltar e nos disser que isso é tudo ilusão, chamaremos de insano e faremos o possível para não acordar, sair da caverna e enxergar o real. Porque, sombras, é tudo o que conhecemos.
Devemos entender que o mundo não se limita a três serras. Devemos aceitar que não sabemos das coisas. Que os que dançam na rua, como alertava o filósofo alemão Nietzsche, não são malucos, nós é que não conseguimos ouvir a música. Vivemos em uma prisão. E a primeira coisa que podemos fazer para nos libertarmos dos grilhões é admitir nossa condição de prisioneiros. Não devemos jamais acusar de insanidade aqueles que tentam nos alertar e nem ficar com medo de que nos desprezem por sermos diferentes, pois como dizia Nietzsche: “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar”.

Por Pierre Logan


VOCÊ SABIA?

O Panelaspernambuco.com está desde 2009 na Internet, nas mídias sociais, e com centenas de acessos todos os dias. Com o objetivo de compartilhar e divulgar informações do município e região.
SÃO MAIS DE 5 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES.

OBRIGADO POR FAZER PARTE DESSA COMUNIDADE E RECEBER NOSSAS ATUALIZAÇÕES!

1 comentário em “Panelas e o mito da caverna”

  1. As vezes tenho medo de viver em uma realidade falsa. Mas quando começo a ler o noticiário, descubro que já vivo numa realidade falsa. O que mais almejo é me libertar e esse mito da caverna sempre me faz pensar. Como é possível sair da caverna e libertar os que estavam lá presos?

Deixe um comentário