Não consigo ficar triste com coisas da política. Fico puto, decepcionado (quando fazem algo ilógico), mas nunca me entristeço. Do mesmo modo que mudo meus planos, mas não desisto. Mudo de rota, mas não me perco. O que me deixou com sintomas de indigestão foi perceber que a oposição (como um todo) ainda não aprendeu que não se vence uma guerra lutando sozinho e sem usar as peças certas do lado contrário. Não quero entrar nos detalhes, mas a oposição não me mostra nem um plano “A” que almeje vitória ou tenha a mínima possibilidade dela, nem sequer um plano “B” para quando o plano “A” não funcionar. Já devem ter percebido que este texto tem uma perspectiva mais pessoal. Mas podemos passar da experiência pessoal para a geral sem nenhum problema.
Sabemos que há mais de vinte anos que a situação de Panelas é a mesma. Ninguém vai contestar que; se há um vencedor é porque alguém perdeu. Muito bem, então concordamos que se a situação panelense venceu durante mais de vinte anos é porque a oposição perdeu esse tempo todo. Ninguém vai culpar a situação por ter vencido, afinal, esse é o propósito de qualquer disputa. Ninguém pode culpar a oposição por ter perdido, isso porque a derrota é um risco da competição. A culpa está justamente no fato de não mudar de postura diante da derrota. Continua-se fazendo oposição de maneira arcaica, ilógica e ineficaz. Mais de vinte anos sem mudar de postura, uma história de vinte anos de derrota. Quanto tempo vamos ter que viver sentindo o gosto amargo da derrota estrutural, da ruína moral, da vergonha política, por culpa dos líderes e das decisões tomadas por vaidade?
Você como eleitor da oposição perdeu, os líderes, alguns vereadores e cabos eleitorais ganharam alguma coisa.
Por óbvio, se um grupo perde, mas continua no poder, se ninguém ameaça sua posição “prestigiada” no poder, se nada ameaça os benefícios conseguidos com a derrota do grupo, então, a classe dirigente da “oposição” não se posiciona e continua perdendo. Não sei se reparou que durante a exposição do meu raciocínio deixei claro que, você como eleitor da oposição perdeu; entretanto, os líderes, alguns vereadores e cabos eleitorais ganharam alguma coisa. Só você perdeu no final.
Eu me recuso a entrar no grupo dos derrotados. Aceito gastar meu tempo, aceito gastar dinheiro do meu próprio bolso, aceito até entregar de graça o conhecimento que paguei caro para ter. Já deu para perceber que não tenho medo de debate, de ofensas e nem de ofender. Já deu para perceber que não tenho medo de briga e nem da exposição ao ridículo. Só não aceito adotar a postura derrotista disfarçada de humildade. Isso é inaceitável para mim. Se algo deu errado na minha vida, eu mudo o jeito de fazer até descobrir um jeito de dar certo.
“Lutar em todas as lutas é estupidez, mas não lutar nenhuma é covardia”
Infelizmente, temos uma situação despreocupada e uma oposição dormente. Não ousarei me misturar com nenhuma das duas. Prefiro representar uma terceira via política. Prefiro organizar um grupo de contra-campanha. Prefiro abandonar de vez a militância politica e ideológica do que me entregar ou me encaixar na engrenagem política da municipalidade interesseira. Já que a postura dos dirigentes da oposição não muda, espero que a posição dos eleitores da oposição mude. Não confie na classe da oposição atual. Não faça o que ela pede, pois isso não é bom para você. É bom para ela. Lourinho sumiu para aparecer em campanhas ou apoiar candidatos que só fingem se importar. Buscam sim vitótias para eles, mas apenas para eles. Não temos que votar somente. Temos que cobrar vitórias. O problema é que não pode haver vitória sem luta e mesmo que exista luta é preciso que haja planejamento. Aristóteles nos ensinou há muito tempo que lutar em todas as lutas é estupidez, mas não lutar nenhuma é covardia. A oposição segue covarde…escondendo a covardia e a derrota sobre os traços hipócritas da humildade.
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected]
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