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O PANELENSE ESTÁ FEDIDO!

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Publicado em 18/07/2016 | Atualizado em 21/02/2022

Eu poderia fazer como esses radialistas fajutos que tecem elogios para agradar atitudes e pessoas medíocres colocando-me, de certa forma, ao lado delas como um amigo. Não o faço porque não faço a mínima questão de agradar gente desprezível (especialmente da classe política). A hipocrisia e a ética são excludentes. O grande problema é que a população se acostumou a ter opiniões acerca das atitudes dos outros e sequer refletir sobre suas próprias atitudes. Por que será que o problema está sempre no outro e nunca em nós?

Primeiramente é importante salientar que cada palavra no título deste texto é proposital. Usei “está” no lugar de “é” porque acredito mais na força da educação e do costume do que na programação biológica. Esse negócio de determinismo moral já está ultrapassado há tempos. O povo de Panelas pode ser tão honesto quanto qualquer outro povo e tão filho da puta quanto. Existem muitos caminhos e cabe a nós escolhermos  cada um deles, tendo a consciência de que ao escolher um renunciamos automaticamente todos os outros.

No dia 5 deste mês um veículo que carregava produtos de perfumaria roubado em Aracaju – Sergipe tombou na BR – 104 e o suposto criminoso de 26 anos de idade morreu no local. Até aí nenhum problema. O problema é que algumas pessoas (muitas na verdade) saquearam a carga. Sem essa conversa afiada de “ladrão que rouba ladrão blá, blá, blá”. Se alguém furta seu celular torna-se um ladrão. Se outro ladrão furta o celular do cara que furtou de você, ele não recebe um prêmio seu por isso. Até porque você continua sem seu telefone móvel e o primeiro ladrão nunca foi de fato furtado, já que o celular era propriedade sua e não dele. O fato é que agora, graças ao segundo ladrão, será mais difícil rastrear seu bem e devolvê-lo para você. Não adianta vir com a desculpa de que o ditado popular se refere ao merecimento pela esperteza, até porque não existe atenuante para quem rouba usando malandragem, dependendo do caso isso pode ser até agravante.

Então aqueles homens e mulheres que saquearam são ladrões? Podem não ser ladrões profissionais, mas naquela situação foram criminosos. Procure um sinônimo para “saquear” no dicionário. Verá que saquear e roubar são coisas muito próximas (pra não dizer a mesma coisa). O que devemos aprender é a “não fazer com os outros aquilo que não queremos que seja feito conosco”. Essas frases triviais que repetem nos perfis sociais dizem muito, mas poucos fazem uma reflexão sobre o que eles mesmos compartilham.

A primeira coisa que se pensa quando se encontra uma carreta ou caminhão virado nas margens de uma BR é: “Alguém dirigia o veículo”. Depois de se preocupar com a possível vítima e buscar descobrir se ela está bem, ferida ou morta procura-se ligar para que o socorro chegue o mais rápido possível. É natural pensar que a mesma coisa pode ocorrer com qualquer um que dirige automóvel e que aquela atitude humana é o mínimo que gostaríamos que fizessem se nós fossemos o acidentado.

A segunda coisa que se pensa quando se encontra uma carreta ou caminhão tombado nas margens de uma BR é que o veículo tem um dono. E que o direito de propriedade não acaba quando tombamos uma carga, assim como o direito à vida não acaba quando levamos uma queda. Trata-se de não pegar o que é dos outros. Trata-se de uma questão moral e ética. Moral porque se deve fazer por respeito a si mesmo, já que não nos tornamos merecedores de algo que não vem de alguma forma do nosso esforço. Ética porque diz respeito a uma busca de melhor convivência para todos da sociedade e além de tudo uma questão de exemplo. 

Sim. Exemplo. Temos que ter em mente que todas as vezes que fazemos algo passamos uma mensagem. Se sempre saquearmos a casa de alguém que viaja para praia ou para um sítio etc., e achamos isso normal, estamos passando a seguinte mensagem: “sempre que eu viajar, podem saquear minha casa, pois isso é absolutamente normal”. Acham que o exemplo não tem nada a ver com a questão? Então mudemos de exemplo. Digamos que seu carro tomba e você está numa rodovia, pessoas começam a chegar e ignoram sua situação (ferido, vivo ou morto), simplesmente passam por você e começam a pegar seus pertences. Digamos que você ainda esteja vivo e protesta contra aquele absurdo. Você diz que aquilo tudo é seu e que ninguém tem o direito de pegar só porque o carro está de cabeça para baixo. E aí? agora a situação muda porque você sabe o quão duro é para conseguir o que se quer.

Vamos para o verdadeiro objetivo do texto. Sabemos que a política, a mídia e outros setores culturais viraram o país de cabeça para baixo. O Brasil tombou. Virou uma verdadeira zona. Nesse pandemônio de atitudes mesquinhas o povo está pegando tudo o que não é dele porque considera justo. Seus representantes olham para os cofres públicos e têm a mesma ideia. Manifestar-se, como representante, no mesmo sentido do que o representado se manifestou, não seria justo?

Se pegamos o que não é nosso estamos dizendo que qualquer um pode pegar o que não é dele. Porque todos são iguais perante a lei e, de certo modo, os “costumes do lugar”, legisla tanto a nosso favor como contra nós. Diga que estou errado, mas observe a quantidade de carros alienados em Panelas, o que diz a lei e depois veja no youtube uma audiência pública onde o delegado da cidade diz que isso é normal. 

Se fosse comida diríamos que a culpa pode ser daqueles que deixam o povo passar fome. Sabemos que não era comida, mas produtos de perfumaria que pouco vão servir, já que o cheiro ruim vem mais das atitudes e do comportamento dos que buscam vantagens do que do suor daqueles que vivem do seu próprio esforço. Seu odor pode ser menos desagradável que o mau cheiro de seus atos. Seu cheiro ruim pode ser um fim em si mesmo, mas suas atitudes serão transmitidas como uma doença pela sociedade e podem contaminar crianças que vão repetir suas ações, amplifica-las, ensiná-las e viver como se essa fosse a verdade. Cada um de nós é um mensageiro e todos juntos somos a força do mundo que queremos construir. O problema é que poucos aceitam sua responsabilidade e preferem o caminho mais fácil. Esquecemos da moral, da ética, dos bons costumes e da religião, já que nenhuma prega o saque como caminho para salvação. Sabendo que o ateísmo também não prega tal ato, chegamos a difícil conclusão de que quando se comete algo do tipo é porque acredita-se que é superior e pode fazer tudo ou que é inferior e não tem responsabilidade por nada

Coluna Política // Por Pierre Logan

Formando em Direito, Bacharelando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
  • O vídeo circula na Internet mostrando pessoas saqueando a carga roubada do caminhão que virou na BR-104 próximo a cidade de Panelas-PE (trecho conhecido como “curva do criminoso”)


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