Publicado em 18/05/2013 | Atualizado em 21/02/2022
Conheça um pouco da história curiosa do primeiro Festival Nacional de Jericos da cidade de Panelas, e saiba quem de fato foi o primeiro campeão da corrida de jericos, não foi Zé Anão.
Diz Luis Manuel da Silva, em seu livro “Festiva de Jericos e o folclore Nordestino em Panelas (Panelas-PE)”:
A CIDADE PREPARADA E ORGANIZADA
No dia 30 de abril de 1073 a cidade estava toda organizada, contando e esperando as poucas horas que restavam para o FESTIVAL.
Faltando menos de 24 horas para o inicio da tão esperada festa, apesar, apenas quinze dias de existência e menos de divulgação toda comunidade estava ansiosa para ver a novidade e também algumas cidades circunvizinhas. Em meio a tudo um imprevisto pela natureza. Nesta época estava sendo construída a BR-104 que dá acesso a cidade e as pontes entre Panelas e Cupira tinham sido demolidas para novas construções e os veículos trafegavam por desvios. Entre 15 e 16 horas no rio feijão caiu uma tromba d’água e a TV canal 2- Jornal do comércio que estava vindo a esta ficou ilhada entre as pontes do Pau-Ferro e patrimônio até as tantas horas e os produtores não perderam tempo fizeram a cobertura do fenômeno.
O gostoso de antes da festa são os comentários e a espera e essa como todas, aliás: mas que todas por ser novidade os comentários eram em dobro e as expectativas eram em triplo.
Finalmente chegou a quarta-feira 1° de maio de 1973, às cinco horas, A Banda Mariano de Assis com alvorada acordava toda comunidade panelense e talvez pouquíssimos turistas se por acaso tivessem lembrado. O som melódico da banda anunciava que nesse dia iria acontecer neta cidade, uma festa inédita,
O I FESTIVAL NACIONAL DE JERICOS
Todos que encontrávamos na cidade logo sentimos no semblante de cada um, um ar de felicidade, de alegria, era só o que se a respeito e toda cidade se movimentava. Entre sete e sete e trinta fui a cidade montando um burrico- Zé Fernandes, pois, nesse momento estava acabando de chegar a Panelas outra emissora de TV, a TV Tupy- canal 06- Rádio clube de Pernambuco que também veio para nos prestigiar e registrar o que estava para acontecer nesta cidade dentro de poucos minutos.
Grande número de agricultores atendeu ao chamamento pelo radio e compareceu em massa para participar, prestigiar e receber sua homenagem especial, provando que estava gostando.
Os poucos minutos que ainda restavam estavam chegando ao fim. A multidão aumentava, as expectativas também e os jericos que fossem chegando, a comissão organizadora orientava para que se dirigissem para o Grupo João Timóteo de Andrade. Da mesma forma os espectadores.
O relógio cobrava os minutos, a banda musical já se encontrava no local, o prefeito, o diretor e professor Luélcito, todo corpo docente e discente. O que faltava era dar esquentes nas turbinas dos jericos que aconteceu no estádio do PEC defronte ao grupo. Enquanto aquecíamos os jericos, simulávamos estarmos limpando os seus cascos, arrumando as crinas, limpando os cabelos, arrumando e acariciando a calda, etc. Tudo isso orientado pelo pelos produtores das TV’s canal 02 e canal 06. Lá fora o diretor e os professores organizavam os alunos nos degraus da entrada do ginásio para dar um esquente nas gargantas e unidos cantaram as músicas citadas anteriormente, (aqui ele se refere à música “O burro é quem trabalha” gravada por Elino Julião e a Banda Mariano de Assis) dando início propriamente dito ao I FESTIVAL NACIONAL DOS JERICOS.
Após termos aquecidos os jericos saímos do estádio e tomamos posição no local da largada dando os últimos retoques para a perfeição da grande obra: a ornamentação dos jericos.
Uma corda esticada, amarrada na cerca de aveloi do campo ao poste da rede elétrica próximo a entrada do Ginásio, era a linha de largada.
Luélcito bem humorado, sorridente disse em voz de timbre festivo: vamos esquentar os jumentos mais um pouquinho. Vamos até ao final da pista de corrida para conhecê-la e voltar para a largada. Que iniciava de fronte do Ginásio e terminava em frente a mercearia do saudoso Manuel Sebastião, atualmente um engarrafamento. Mas, só que na chegada não havia marcação no chão e nem corda estirada dando o sinal de chegada era simplesmente um dos membros da comissão organizadora levar o braço e estava valendo.
Pois, o número de jericos fora pouco apenas quatorze e largamos em uma só bateria.
A comissão organizadora baixou a corda e fomos conhecer a pista que só bateria.
Quando voltamos no local da largada outra vez. Ao voltarmos o corpo discente já estavam prontos e ordenados nos degraus, entrada do Ginásio com as gargantas também pré-aquecidas então o que faltava era cantar as músicas indicadas pelo diretor. Luélcito convidou os alunos para cantar. Ao terminar as interpretações das mesmas, o diretor Luélcito disse: vem aqui Zé Anão. Zé Anão todo cheio de vida foi lá segurando o cabresto de seu jumento pegaram-no pelos braços colocaram em cima de seu jerico, Luélcito colocou um grande medalhão de sola no pescoço de Zé Anão e outro no burro. O diretor pediu que Zé ficasse em pé no lombo do jerico. A razoável multidão que se encontrava bateu palma, ria, gritava, a banda musical tocava, as Tv’s registraram tudo cuidadosamente com muito carinho e expectativa para não desperdiçar um só momento, como se fosse Zé Anão o vencedor do I FESTIVAL NACIONAL DE JERICOS. Mas, até aquele instante o festival ainda estava para acontecer. Desceram Zé do jumento e Luélcito pediu a todos novamente que fossemos ao local da largada para ser autorizada, finalmente a partida.
Com a festa de campeão simula para Zé o espírito festivo do povão ficou em alta.
Luélcito deu o grito de ordem dizendo: atenção montadores, se preparem. Quando eu levantar o braço e mandar arriar a corda podem largarem. Eu na qualidade de correr marujo de primeira, confesso, eu estava um pouco nervoso, o coração pulsava mais forte.
Luélcito próximo à entrada do Ginásio levantou o braço direito e em voz alta, disse: “arrei a corda!”
Largamos a todo vapor. O povão arrumado após a linha d’água, riam, gritavam pelo seu jerico, a banda musical tocava, muitas vibrações de todos e naquele momento estava nascendo em Panelas o
I FESTIVAL NACIONAL DOS JERICOS. O I CAMPEÃO
Em meio a tanta controvérsia o I campeão do FESTIVAL, com certeza, você lembra-se que Zé Anão foi apenas uma simulação. Outros apenas dizendo que foi Zé Pneu. Mas, na verdade você não tem a mínima ideia como surgiu o primeiro campeão. Ele não iria correr por não ter jerico, no momento, conseguiram um jerico com a popular e saudosa Quitéria cachorro e a referida estava em burrico, então o montador pediu a um de seus amigos que ficasse com o bebê no sinal de chegada, quando foi dado o sinal de largada não havia jerico que ganhasse, não por ser uma jerica corredora, mas sim a procura do relincho do bebê que sentia falta da mamãe jerica. Surgiu assim o primeiro campeão Sezário Félix da Silva- Julgo: Sézar. Com essa mesma jerica ele conseguiu ser tetra campeão consecutivo. Só deixou de correr porque a mesma faleceu após o IV FESTIVAL. Informações dadas pelo próprio Sézar.
O meu Jerico Zé Fernando, não teve o prazer de chegar ao menos em 4° colocação, só participamos dessa festa que não sabíamos que iria ser histórica.
Após termos cumprido as determinações para a corrida pela comissão organizadora ao local da largada, meio a pista vi uma coisa engraçada, a atração. Um jerico que cismou não correr deitou-se com o montador, e os mais exaltados estavam completando a festa com o entusiasmo do povo. Eles tentavam levantá-lo puxando na calda e pelas orelhas. Enquanto reinava o festival de gargalhadas pelos presentes.
Após a apresentação do povo com o jerico o tão esperado momento do campeão Sézar, aliás: a jerica de Sézar recebeu um medalhão de sola a um feixe de capim e Sézar apenas um medalhão.
Após tanta espera tantas expectativas e entusiasmo de tantos a festa em poucos minutos chegou ao fim.
O que faltava como complemento da festa era a realização da gincana no centro da cidade. Essa praticamente só como adorno, o que se esperava já havia acontecido. A corrida.
A multidão presente demonstrava um semblante de felicidade. Deslocaram-se ao centro para assistir a finalização da festa. A gincana. O povo estava mesmo disposto a curtir, mais uma vez em procurar um lugarzinho melhor nas calçadas. Para ver bem de pertinho o que estava para acontecer.
Referência:
Este texto está contido nas páginas 72, 73,74 e 75 do referido livro. (SILVA, Manuel Luiz da. O FESTIVAL NACIONAL DE JERICOS E O FOLCLORE NORDESTINO EM PANELAS.I. Ed 1998).
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