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HOMENS MEDÍOCRES

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Publicado em 30/04/2018 | Atualizado em 21/02/2022

As eleições estão se aproximando. Ainda dá tempo de tentar fugir daquela certeira máxima de Nelson Rodrigues (1912-1980) em que ele afirmava que a grande desgraça da democracia é que ela sempre faz com que os idiotas saiam ganhando, afinal, os idiotas são sempre maioria. Se analisarmos com parcimônia a história recente do nosso país, notaremos que isso tem sido uma regra no Brasil. Até porque não foi o discurso lógico da Dilma que a elegeu e reelegeu, certo? Nas cidades do interior, especialmente aquelas que diminuem, ficam mais pobres e ainda vivem com o coronelismo como chefe da casa, a maioria ainda é idiota. Mas são os piores tipos, os idiotas medíocres.

Como já expliquei em outro texto, idiota é uma palavra que veio do grego que significa, em linhas gerais, alguém que se preocupa apenas com seu umbigo, com sua vida privada, não ligando ou não se preocupando com a coisa pública. Entretanto, hodiernamente, nós dizemos idiotas quando queremos dizer que a outra pessoa é burra, tem uma capacidade cerebral limitada para raciocinar de maneira inteligente. O “idiota” do grego e o “idiota” brasileiro não se confundem, pois para o conceito original da palavra “idiota” (grego), você poderia ser um gênio do raciocínio lógico, mas, ainda assim, um completo idiota, se usasse isso apenas para proveito próprio. Para o conceito brasileiro é o oposto, você deve tirar vantagem e querer tirar proveito de tudo e de todos, ainda que não seja inteligente, se passar a perna em alguém, é um gênio.

A mediocridade é diferente. Tem gente que se esforça para chegar ao paroxismo da mediocridade. A maioria é medíocre no sentido de fazer parte da média. Nem bom nem ruim, nem bonito nem feio, nem inteligente nem estúpido. Pessoas que que se comportam de acordo com determinado padrão, estão na média, portanto, são medíocres. São seres humanos comuns. Medianos. Levam com “a barriga” quase tudo o que fazem. Não tendem a se esforçar para perfeição, nem para o imperfeito, ficam satisfeitos com o “deixa assim mesmo que tá bom”. Não assusta, não impressiona, não encanta, não nos desperta absolutamente nada. Quer um exemplo dessa mediocridade? Veja o discurso de Fred, Lourinho, Sérgio; todos medíocres. Você não precisa ouvir para saber o que vão dizer. São covardes demais para dizer algo polêmico, mentirosos demais para chocar com a verdade, burros demais para dizer algo inteligente. Estão na média. Já o discurso de Joelma Duarte (PSB), esse não é mediano. Está muito abaixo da média. É ruim demais! Demais! Você precisa ouvir, prestar atenção, anotar, analisar para descobrir como uma criatura consegue usar tantas palavras para não dizer nada. Olhando por esse lado, ser medíocre até que não é tão ruim.

Com o gigantesco parágrafo anterior você deve ter percebido que existem duas possibilidades de fugir da mediocridade. Para cima da mediocridade (genialidade) ou para baixo dela (imbecilidade, idiotice, estupidez). Aí é com você! Agora ainda existe o terceiro tipo de mediocridade. Aquela explicada por um dos maiores pensadores deste nosso lado das Américas, o argentino José Ingenieros (1877-1925), escritor do célebre livro O homem medíocre. Para Ingenieros, homem medíocre é aquele que não tem ideias para coletividade, ou para si. É aquele indivíduo que vive uma vida baseada em ideias dos outros, vida dos outros ou que não tem coragem para se comportar de maneira diferente. É aquele que tem medo do que as pessoas possam achar dele e, por isso, se comporta da maneira mais domesticada possível. É tão frouxo quanto Lourinho, tão prepotente quanto Sérgio e tão inútil quanto Fred. É um cara que simplesmente não faz falta quando some, faz um favor.

Nesse livro genial, José Ingenieros, discreve a mediocridade como sendo “uma incapacidade para ideais”, a “cegueira para imaginação do futuro”, o “ideal da verdade”. Homens medíocres são criaturas, “sem personalidade”, portanto, não são modelos de nada. São apenas sombras. Foi baseado nessa leitura e em muitas outras que, finalmente consegui classificar, obviamente é apenas uma opinião minha, feita de acordo com a análise comportamental desses indivíduos, uma nova classe de politiqueiros: os idiotas medíocres.

Idiotas medíocres são aqueles que vivem apenas para enriquecer às custas dos outros, surrupiam do público para entregar ao privado, corrompem pessoas que não têm condição intelectual de se defender, sobrevivem na política apenas comprando e vendendo favores e seu maior “ideal” é se dar bem, ainda que destruam tudo ao seu redor. São homens sem personalidade própria, sem ideal político nenhum, nem nenhuma capacidade de melhoramento. Por essa razão pioram o mundo a sua volta para que todos fiquem na média de sua própria inferioridade. É dessa forma que se pega um povo grande e faz o povo ficar pequeno. A única forma de um idiota medíocre ficar maior não é se elevando, mas sim abaixando os outros, nivelando tudo por baixo. O idiota medíocre é um covarde que estaciona no tempo presente, tem medo de olhar para frente e atrasa tudo que está a sua volta. São charlatões da modéstia, porque “a falsa modéstia é o último refinamento da vaidade”.
Lembrando que os idiotas medíocres quase sempre se dão bem. Quase sempre são pessoas financeiramente bem-sucedidas. Quase sempre acabam com cargo “indicativo” importante e fazem questão de mostrar isso sem querer, já que se escondem sobre trapos da humildade. Só não esqueça que são eles os que mandam, pois “o herege não é o que arde na fogueira, senão o aquele que a acende”. Mas por mais que se sintam nas alturas, essa “altura” é artificial, foi escrito que “ninguém pode voar onde todos se arrastam”. O idiota medíocre vive, morre e mata por uma mentira. 

Coluna Política // Por Pierre Logan

Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected] ou [email protected]



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