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E agora, Panelas?

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É bastante complicado falar em democracia hoje. É ainda mais complicado explicar detalhadamente que o sistema democrático permite a “coexistência da pluralidade de opiniões”. Na esfera federal, quando se discorda é golpista ou mortadela. Na esfera municipal é legítimo dizer em quem vai votar antes mesmo do outro grupo escolher o candidato. No primeiro caso não se escuta os argumentos. No segundo caso não se espera nem falar. É quase um crime usar um lindo poema de Drummond para justificar um tema que versa sobre uma situação triste causada por personagens tão medíocres, mas o poeta vai me desculpar, ele entenderia nosso sofrimento. 

Que os velhos líderes de “oposição” panelense são uma fraude é indiscutível (ou discutível se quiserem apenas espernear e não chegar a lugar nenhum). A esperança seriam os novos líderes, no entanto, há um pequeno problema. Quando alguém começa algo com uma mentira, por menor e mais inofensiva que ela pareça, vai dar errado. Ao lado disso; o desgoverno municipal deixou uma grande brecha para discussão. Seja quem for o indivíduo (a) escolhido (a) a dedo pelo atual digestor com certeza não será um (a) líder. Alguém com características de líder não ficaria de braços cruzados esperando Sérgio decidir o futuro de milhares de panelenses. Ponderando com parcimônia sobre esses dois pontos notaremos que o eleitor encontra-se entre a cruz e a espada (e sabemos que a cruz é sempre a escolhida neste século). 

De Sérgio Miranda não se pode esperar praticamente nada de bom, de modo que se ele deixar de fazer algo bom ou fizer algo muito ruim não será nenhuma surpresa. Em outras palavras, você só se decepciona com aquilo que te trás algum tipo de esperança. A oposição e seu atual grupo sempre me acusou com a seguinte frase: “falar é fácil!”. Com isso sempre concordei. Acrescento apenas que falar de maneira coerente e técnica é onde se encontra o problema. Até agora os dois pretensos candidatos da “oposição” falaram bastante (o que em tese é fácil), mas não disseram absolutamente nada. Em alguns casos cometeram erros graves e chegaram até a mentir (vou escrever um artigo posteriormente só sobre o caso). Penso já ter escrito que oposição de verdade se faz na Câmara, mas os oposicionistas insistem em atuar ou parecer uma oposição quando deveriam viver e ser uma oposição. Como o eleitor escolhe em casos assim?

“A polaridade é o que empobrece o debate e consequentemente a política do nosso município”

Devemos partir para as eleições já que o atual digestor é quase uma página virada na história do município e a oposição como conhecemos não chega nem a ser um livro. Se espera ouvir soluções está no artigo errado. O título deste texto deixa claro que trataremos aqui de um problema sério e não indica que encontraremos soluções para o mesmo. O motivo do artigo é a mera reflexão (coisa rara em Panelas) e provocação ou instigação do senso crítico do eleitor. A meu ver devemos iniciar um debate de verdade em vez de ficar escolhendo lado sem sequer saber quais indivíduos estão envolvidos com “oposição” ou “situação”. Ou por acaso você não conhece alguém que estará com Sérgio Miranda (como se ele ainda fosse candidato) independentemente de quem esteja do lado oposto e por mais competente que este seja? A mesma coisa funciona para “oposição”. A polaridade é o que empobrece o debate e consequentemente a política do nosso município. 

Na eleição deste ano o panelense terá duas opções ruins. De um lado um grupo que desgovernou o município durante anos e não construiu nada efetivamente relevante para marcar seu “governo sombrio”, apenas produziu uma verdadeira demolição do patrimônio histórico municipal e milhões de toneladas de maquiagem. De outro lado uma oposição que tinha o dever de impedir que essa desgraça acontecesse. Claramente estou falando de Lourinho, pois Rildo de Mano estava ocupado demais se preocupando com a política de Agrestina (e perdendo). Se o atual digestor fala que a culpa da seca é de Deus que não manda chuva, a oposição diz que vai conversar com deputados (faz sentido), senadores (não faz sentido) e cobrar algo de políticos que não prometeram nada (ou tudo).

Espero já termos passado da fase em que o grande ponto das discussões é sobre o diploma de Sérgio (lembram?) ou as questões sobre uma possível CRM de Lourinho (é, neste caso, não vem ao caso), ou talvez o levantamento da dúvida sobre a OAB que o Rildo diz ter (será possível? Quero crer que não). O que espero é que os debates sejam de altíssimo nível e que a próxima representação seja capaz, coerente, reta e tão competente quando diz ser. O que espero é que nenhum dos lados minta ou omita fatos que possam prejudicar ainda mais a desgastada política, que nada mais é que a continuação da guerra por outros meios. 

Muitas questões importantes podem e devem ser levantadas. Assunto não falta. Motivo não falta. Problemas não faltam. Faltam líderes. Falta a verdade. Falta a imparcialidade necessária de um povo acorrentado pelos grilhões do assistencialismo, coronelismo, imbecilismo, favoritismo, e outros “ismos” que atrapalham mais do que ajudam na atual conjuntura política. 

E agora Panelas, a festa não acabou, mas a luz apagou, os políticos sumiram e o “corpo” esfriou. Não demonstre alegria, pois nessa nossa versão do poema do Drummond também não há como fugir a galope; por isso eu pergunto: você que ama Panelas, protesta? E agora, Panelas?

Coluna Política // Por Pierre Logan

Bacharelando em direito na FMU, formação em
Filosofia e Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.


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