Publicado em 05/09/2016 | Atualizado em 21/02/2022
“Se depois de tanto tempo, alguém que recebeu mais do que deveria ainda precisar gastar dinheiro, saliva e tempo com campanha é sinal de que não fez nada”
Só tem um jeito de continuar escrevendo artigos para Panelas toda semana e esse jeito é não a levando a sério simplesmente porque os candidatos e os eleitores panelenses, em sua maioria, são uma piada. As eleições deveriam ser simplesmente para elegermos os menos ruins e os que buscam a reeleição não deveriam nem ter o direito a falar. Explico. Os vereadores que querem ser reeleitos não deveriam discursar porque tiveram quatro anos para mostrar serviço. Tiveram quatro anos de tribuna disponível e apoio financeiro para realizar e desenvolver projetos. Se depois de tanto tempo, alguém que recebeu mais do que deveria ainda precisar gastar dinheiro, saliva e tempo com campanha é sinal de que não fez nada.
A maioria não vê essas questões óbvias porque está comprometida. Se antes das eleições chamei a conivência dos cidadãos que não frequentavam a Câmara de “silêncio dos que dependem”, poderíamos chamar os gritos e passeatas em Panelas de “barulho do que dependem”. Não consigo vislumbrar nas “festas” políticas de nossa cidade um espetáculo da democracia. Sinto muito (sinto nada), mas o que vejo é um bando querendo manter-se do lado de quem está ganhando porque quem está ganhando paga suas contas. Não consigo enxergar nenhuma novidade na política panelense que tenha vindo da parte dos políticos.
A única novidade até agora veio de alguns garotos de Cruzes. Não os conheço pessoalmente, mas de certa forma, já esperava que a atitude de entrevistar políticos com o objetivo de fortalecer e ajudar o cidadão panelense a escolher seu representante viesse dos distritos. Ainda não assisti as entrevistas e fiquei tão surpreso quanto qualquer outro. Não sei quais as perguntas que fizeram, mas só o fato de as terem feito já é um avanço e uma prova de que ainda existe vida inteligente na cidade, ou, mais precisamente, nos distritos. Esses jovens deram um passo à frente e, portanto, Panelas não está mais no mesmo lugar.
“Ao comparar a base de uma estrutura com o conjunto da obra dirá que a base é importante para segurar todo o resto”
Só para deixar claro para quem não entende patavina do que estou dizendo. Um grupo de jovens de Cruzes – PE decidiu se juntar e entrevistar os políticos que se propuseram a pleitear um cargo no legislativo municipal (até então foi o que entendi). Duas pessoas (Fernando Amarino e Euclides Neto) fizeram o introito do que acredito que será uma série de entrevistas. Pela ficha técnica pude notar que existem mais pessoas envolvidas. Parece pouco, mas se você comparar a base de uma estrutura com o conjunto da obra dirá que a base é importante para segurar todo o resto.
Para mim é mais que entrevista, é mais que vídeos postos na internet, é mais que muito estudante de jornalismo patrocinado (para não dizer vendido) já fez em anos por nossa cidade. Na minha opinião, que digo sem falsa modéstia, que talvez seja a mais sóbria sobre esse acontecimento em especial, esse é o prelúdio de uma nova fase de postura política. Por vários motivos digo isto. Um dos principais é que, pelo que se pode entender no vídeo que foi divulgado, a ideia não é fazer proselitismo político, mas ajudar todos a escolher melhor os seus representantes.
Você pode estar pensando: “mas, e daí? ”. Caso pense assim vou te chamar de desatento para não ofender chamando de incapaz. Para começar há uma grande novidade. Pessoas se manifestam publicamente e literalmente dando a cara para bater com o objetivo de provocar criticidade na população. Para terminar, a postura é sobrea e honesta, eles não receberam verbas de agentes políticos para “gastar” seu tempo fazendo as entrevistas. Estão claramente preocupados com o destino de Cruzes e de todo município.
Caso você ainda ache pouco, em vez de mandar você à merda, vou explicar o raciocínio que provavelmente esses caras seguiram para fazer o que muito profissional picareta já deveria ter feito. Quando você escolhe um candidato ele te representa, então tudo o que ele fizer a partir do momento em que foi eleito é, em tese, o que você faria, sua vontade, já que seu representante representa, em tese, seus desejos. Coisa linda de se falar, não é? É até você começar a entender que quanto for ao hospital em trabalho de parto e não tiverem como te ajudar, irão jogar você numa ambulância e te mandar para outra cidade, onde seu filho não nascerá panelense, em tese, você escolheu isso. Não tem emprego em Panelas, você escolheu isso. Estão pagando menos que um salário mínimo para você varrer rua, confirmando a manutenção de um trabalho equiparado ao de escravidão, muito bem, você escolheu isso porque seu representante aprovou o que tornou-se também a sua vontade. Não adianta reclamar muito, pois você confirmou depois de digitar o número.
“Quem faz a cidade é a população”
Então esses jovens olharam para o presente, lembrando do passado e projetaram-se no futuro. Começaram pela raiz do problema, que é o momento que antecede a escolha. A participação de Cruzes na política foi simplesmente a única legítima até agora. A participação desses jovens deve ser aplaudida, apoiada, reproduzida e divulgada. Honestamente eu já não sei se Cruzes pode ser chamada de vila e Panelas de cidade. Porque postura de município só uma das duas tem, já que quem faz a cidade é a população.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias.
VOCÊ SABIA?
O Panelaspernambuco.com está desde 2009 na Internet, nas mídias sociais, e com centenas de acessos todos os dias. Com o objetivo de compartilhar e divulgar informações do município e região.
SÃO MAIS DE 5 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES.
OBRIGADO POR FAZER PARTE DESSA COMUNIDADE E RECEBER NOSSAS ATUALIZAÇÕES!