Avançar para o conteúdo
Início » Publicações » A morte do açude de Panelas

A morte do açude de Panelas

“Lutem e lutem novamente até cordeiros virarem leões!”
E o Oscar vai para… Opa! Não é um filme? Acredite se quiser, mas não é filme. Não é nenhuma “pegadinha do malandro”. Já tem gente brincando nas redes e dizendo: Panelas não tem terremoto, nem furacão e nem maremoto, mas tem Sérgio Miranda, Deus não quis aumentar ainda mais a nossa desgraça. É possível pensar que alguém seria burro o suficiente para destruir um açude em um lugar onde a seca é mais certa que o Festival Nacional de Jericos, pois a seca nunca foi cancelada.
Se você conversar com um ou dois “torcedores” do atual prefeito de Panelas eles vão dizer que há estudos e que há um projeto, entretanto, se você pedir uma cópia do projeto ou qualquer documentação, eles vão dizer que isso não será possível porque foi tudo apresentado em slide na câmara de vereadores. Perguntei onde eu podia obter a cópia dos slides e o cidadão me disse a única frase verdadeira até então: “eu não sei” (isso é que é transparência).
Mas o atual prefeito de Panelas não é tão burro quanto algumas pessoas costumam pensar. Em seu plano de governo (2013/2016) na parte de infraestrutura, mais especificamente no tópico 1.2 em que chama de “meio ambiente”, no que seria a página três (se o plano tivesse numeração de página) o texto diz: “Viabilizar a urbanização da margem esquerda do Rio Panelas com a implantação de quadras e parques”. Ou seja, nada de construção de quadras no meio de açude. Nada de destruição de açude ou demolição de paredão. Por que ele fez isso? Possivelmente para não passar vergonha quando alguém de fora de Panelas lesse o tal plano.
“Cê ta viajando, Pierre!”. Se você é um dos que pensam que isso que estou falando é bobagem, então vá até O Portal dos Convênios do Governo Federal, proposta 1560096 e lerá a seguinte frase: “O estado de total abandono em que se encontra o açude municipal localizado na entrada da cidade causa péssima impressão àqueles que visitam Panelas exigindo uma ação urgente de urbanização das margens do Rio Panelas no trecho à montante da barragem”. Percebeu que não tem nada de destruição de paredão ou construção de quadra dentro do açude? Pois é!
Outro ponto importante a ser observado é o inicio da bendita frase: “O estado de total abandono em que se encontra o açude…”. Ora, se o indivíduo foi prefeito do município de 1997 até 2000 e de 2001 até 2004 e 2009 até 2012, quem abandonou o açude se não ele mesmo? Nessa fonte que citei sabe qual seria o valor da obra? Exatos R$ 1.430.000,00. Como a prefeitura pode construir uma obra desse valor com recursos próprios se a cidade não arrecada nem metade disso? Só Deus sabe.
O fato é que um cidadão panelense, José Alexandre Saraiva, advogado, jornalista, músico e escritor decidiu não ficar de braços cruzados diante dessa situação e enviou uma denúncia à Ouvidoria-Geral do Ministério Público, como resposta recebeu um e-mail com a seguinte informação:
Diante dos fatos, a equipe técnica dirigiu-se à Secretaria de Infraestrutura do Município para exigir a licença ambiental pertinente à obra. Em conversa com o Secretário de Infraestrutura (Sr. João Figueiredo Lima), foi-nos informado que, a obra está sendo feita com recurso próprio do município e que a mesma possui licença prévia para execução. O secretário está ciente que a licença prévia não autoriza a realização da obra. Diante do fato, a referida equipe técnica, lavrou a intimação nº 00060/2015, exigindo que a prefeitura entre com requerimento de licenciamento ambiental para a instalação da academia das cidades e autorização para intervenção direta no curso d’água, dado prazo de 5 (cinco) dias úteis. Caso o empreendedor não cumpra com a exigência no prazo determinado, novas providências deverão ser tomadas.
Ainda bem que podemos contar com artistas e pessoas ilustres (ilustres de verdade) como Alexandre Saraiva, pois se depender da maioria dos vereadores eleitos; estamos na roça.
Resumindo a ópera; Sérgio Miranda não assumiu em nenhuma documentação escrita o que está fazendo na prática. A verdade é que seja qual for a obra que o atual prefeito esteja fazendo, ainda que com menos esforço que o aceitável, é um descaso, uma afronta a história do município de Panelas. Como panelense, sinto vergonha, asco, náusea e tudo o que se possa sentir por esse projeto que é obtuso, estúpido, tosco e todos os sinônimos que couberem a essa ideia de jerico. Pode-se tentar, mas não inventaram adjetivo que possa alcançar o grau de asnice que é o que está sendo feito com uma parte tão importante da história de nossa cidade.
O mesmo açude que outrora Demóstenes Miranda (Deda) sugeriu em seu livro, Tudo e Nada, que fosse chamado de Manuel Miranda, é assassinado por uma corja de representantes que não tem amor nenhum pela terra que os acolheu. Se Panelas ainda tiver oposição que essa se manifeste contra a demolição da história do nosso município e do futuro de nossas crianças. Lutem e lutem novamente até cordeiros virarem leões!

Por Pierre Logan

Açude de Panelas: Década de 90 | Ano 2015
Açude de Panelas-PE: Década de 90 | Ano 2015


VOCÊ SABIA?

O Panelaspernambuco.com está desde 2009 na Internet, nas mídias sociais, e com centenas de acessos todos os dias. Com o objetivo de compartilhar e divulgar informações do município e região.
SÃO MAIS DE 5 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES.

OBRIGADO POR FAZER PARTE DESSA COMUNIDADE E RECEBER NOSSAS ATUALIZAÇÕES!

1 comentário em “A morte do açude de Panelas”

Deixe um comentário