“Não há desculpas para não mudar o quadro político e colocar na Câmara advogados, professores, jovens e trabalhadores rurais. A responsabilidade é nossa e jamais se deve repetir o erro.”
“Pensei em não dizer nada.” Foi assim que Manoel Caboclo (PTB), o vereador menos votado dentre os eleitos (637 votos) iniciou sua “respostinha” incoerente e desesperada para um dos meus artigos (Manoel Caboclo e o jogo de máscaras). O melhor seria que ele não dissesse nada mesmo, pois calado ele já estaria errado. Quando fala piora o quadro e transporta qualquer chance de não ser ridículo para a esquerda do zero. Por que voltei ao assunto tantos meses depois? Para começar porque eu não esqueço e não desculpo uma ofensa aos meus direitos de cidadão. É possível dessa vez ele tenha errado e confirmado de uma vez por todas meus argumentos anteriores.
Vou começar explicando a história para os que não acompanharam. Meus artigos sempre são polêmicos e têm milhares de acessos. Criou-se uma máxima na “turminha” política de Panelas que dizia que eu só tinha coragem de escrever o que escrevo porque estava em São Paulo. Outros diziam que meus informantes (pessoas do Movimento Cultural Panelense) estavam me dando informações erradas etc. Então decidi cancelar minhas férias no Sul da Itália (risos) e trocar por uma passagem para Panelas, onde eu poderia ser ameaçado pessoalmente (ninguém teve coragem), desmistificar a ideia de que eu não falaria na cara de qualquer político picareta o que eu tinha para falar e conferir as informações passadas pelo meu grupo.
A primeira coisa que fiz quando cheguei a Panelas foi dar uma passada para encontrar o prefeito e dizer algumas verdades a ele. Ele não estava. Decidi ir até a Câmara de Vereadores para me inscrever para usar a tribuna, pois só assim poderia encarar todos os vereadores de uma vez e expor minhas ideias oficialmente na presença de toda cidade (cidadãos presentes). Disseram-me que eu deveria fazer um oficio. Pedi para que me fornecessem um modelo, pois, além de ter recebido informação de que não precisava de oficio, o que eu conhecia poderia divergir do aceitável no nosso município. Aproveitei e pedi uma cópia do regimento interno para eu mesmo poder ler e descobrir a maneira correta. Não encontrei o Manoel Caboclo nesse dia e nem consegui uma cópia do regimento. Decidi ir até a rádio Bom Jesus FM e colocar um aviso dizendo que eu procurava pelo dito presidente da Câmara. Fiz. No dia seguinte voltei a Câmara e consegui a cópia do regimento, mas não encontrei o Manoel. Uma das funcionárias disse que redigiria o oficio. Entrei na sala e assim foi feito.
Como não consegui encontrar o “empregado do povo” que não estava trabalhando, decidi pegar o oficio e voltar a Rádio Bom Jesus FM para avisar que eu o procurava e estaria esperando por ele no local onde ele deveria estar. Esperei por duas horas, mas ele não apareceu. Horas depois voltei para reunião daquela quinta-feira (cuja pauta não havia sido publicada).
Encontrei finalmente com Manoel Caboclo (meia hora antes de começar a sessão). Ele me chamou para sala dele onde decidiu que eu não poderia falar porque não adivinhei qual era a pauta do dia. Eu disse que poderia falar sobre qualquer coisa que ele quisesse, mas ele se escondia atrás da mesa e dizia que eu não ocuparia a tribuna por esse ou aquele motivo. Mandei ele me mostrar onde o regimento previa aquela forma de tratar o cidadão, entretanto, ele “tremeu nas bases”.
A sessão começou e não usei a tribuna naquele dia, mas conheço meus direitos e, já que não falaria na tribuna, aproveitaria para falar longe dela, porém, dentro da Casa. Convidei um estudante de jornalismo, Guilherme Correia (O publicador) para filmar minha entrevista com os vereadores, ele aceitou prontamente (senti sangue guerreiro em suas veias). Câmera pronta, microfone na mão e vereadores tensos. Manoel tentou sair “na dele”, mas obviamente não me conhecia. Não sou de fugir de “briga” e nem de deixar o inimigo sair ileso dela. Persegui o edil com se persegue um rato (com uma pancada atrás da outra), mas, além do cara não saber nada sobre o regimento e fugir como o diabo foge da cruz ele começou a trocar as bolas e pedir que eu apresentasse corretamente o tal de um “requerimento”(?).
Ele fez o que os “políticos” fazem quando um cidadão consciente dos seus direitos os enfrenta com coragem; fugiu! E depois que fugiu fez o que esses mesmos politiqueiros fazem sempre: postam uma nota de esclarecimento com um monte de abobrinhas.
Começou com as abobrinhas erradas quando, aparentemente, pediu para que outra pessoa escrevesse para ele. A outra pessoa que também não deve ser muito inteligente (diga com quem tu andas…) citou Manoel na terceira pessoa quando fingia que era o Manoel (genial). Em seguida ele dá a entender que o Regimento interno da Câmara de Vereadores é mais importante que a Constituição Federal. Até aí é aceitável para alguém que escreve Estado (no sentido de entidade) com letra minúscula. Mas ele sempre consegue piorar, pois tentou espernear citando o Art. 199 que explica que o cidadão deve falar sobre o que está em pauta (pressupondo que a pauta havia sido divulgada). O que ele não poderia imaginar é que a incompetência dele poderia ser usada contra ele já que o Parágrafo 1° do Art.138 do mesmo Regimento determina que a pauta das reuniões deve ser publicada na imprensa oficial ou não oficial para obedecer ao princípio da Publicidade (ver CF) e garantir o acesso ao público em geral. Como ele nunca havia publicado a pauta até então, não havia possibilidade de quem quer que seja adivinhar.
Depois que li o Regimento descobri que era mentira desde o começo a estória de que precisava de um oficio. O cidadão precisa apenas se inscrever em um caderno próprio e agora sim chegamos ao “porquê” de voltar a esse assunto meses depois.
Algumas semanas após me negar a tribuna, uma professora do EREMPA e uma aluna usaram a tribuna popular para agradecer a oportunidade de presenciarem uma reunião da Câmara. Isso não estava na pauta, mas imaginei que elas haviam feito a inscrição como determina o Regimento. Desconfiei que não quando a professora falou que outro professor havia solicitado (?) a visita dos alunos, mas fiz uma anotação mental e deixei passar. Foi no dia 15 de outubro que tive a prova concreta e cabal que de fui discriminado (vítima de crime) não pela cor, mas pelas ideias.
Um cidadão, André Muniz, que possivelmente será candidato a vereador no ano que vem (uma opção para substituir o Mané presidente) se inscreveu para falar na tribuna e fez melhor: tirou uma foto do livro quando assinava. O que isso tem de mais? Tudo! Nota-se claramente que o livro é novo e que André foi o primeiro cidadão a se inscrever nele. Em outras palavras, nem a aluna precisou se inscrever, nem a professora precisou fazer nada nesse sentido, mas eu, com oficio, aviso na rádio, pedido antecipado e tudo fui impedido. O que explicaria isso? Reli o regimento e não encontrei explicação? Será que tem?
Não sei. Só sei que lembrei até do Sun Tzu: “A garantia de não sermos derrotados está em nossas próprias mãos, porém a oportunidade de derrotar o inimigo é fornecida pelo próprio inimigo”. Até agora toda vez que o bendito vereador tenta se explicar piora ainda mais as coisas.
O medo das palavras parece fora do normal. O presidente da Câmara de Vereadores tentou espernear e sair da história como um político correto, honesto e fazendo parecer que eu era um cidadão opressor de Manés. Veja amigo leitor, que a incompetência é tão grande que a ultima vez que publicaram a pauta de uma reunião foi no dia 15 de outubro (no Facebook, pois a Câmara não tem site), depois disso não publicaram mais nada. Aposto que quase ninguém que está lendo esse artigo adivinhou que os vereadores entraram novamente em recesso e, salvo engano, os competentes edis vão voltar ao trabalho somente em 13 de novembro.
Não ajude a reeleger a incompetência, caro leitor. Não permita que essa lamentável cena se repita. Se você gosta de votar nos “candidatos do prefeito”, não tem problema, vote em Zé Julho que fez um bom trabalho. Há também várias opções novas de ambos os lados. Não há desculpas para não mudar o quadro e colocar na Câmara advogados, professores, jovens e trabalhadores rurais (de verdade). A responsabilidade é nossa e jamais se deve repetir o erro. Não cometamos mais o erro de deixar outra vez um Mané na presidência.
Coluna Política // Por Pierre Logan
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