Publicado em 23/05/2016 | Atualizado em 21/02/2022
Por incrível que pareça e por mais ruim que esteja, tudo sempre pode piorar. Lembro-me de ter dito em outra oportunidade que se você pensar em algum absurdo logo descobrirá que a cidade de Panelas tem algum precedente. Não é a desgraça que criaram. Não é a pobreza intelectual que implantaram. Não é a cultura que destruíram. É pior. É muito pior do que pode ser dito em apenas um artigo. É um tipo de imbecilidade coletiva paulatinamente construída por um sistema cafajeste alimentado por submissão e absoluta pusilanimidade.
Quem já passou na porta da sala de aula de alguma escola deve lembrar que ao longo da história surgiram teorias que explanavam sobre a ordenação do sistema solar. Questões que suscitaram anos de debates, observações e estudos. Um ponto importante que mudou a forma de olharmos para o mundo e até mesmo a forma de olharmos para nós mesmos.
No início da Era Cristã o astrônomo grego Cláudio Ptolomeu defendeu em seu livro, intitulado de Almagesto, a teoria geocentrista. No modelo geocêntrico, Ptolomeu defendia que o Sol, a Lua e todos os planetas giravam em volta da terra, ou seja, nosso planetinha minúsculo seria o centro de todo universo.
O tempo passou, mais especificadamente 14 séculos se passaram até que essa teoria fosse contestada. O astrônomo e matemático polonês, Nicolau Copérnico (1473 – 1543), desenvolveu a teoria do Heliocentrismo. No modelo de Copérnico nosso planeta era menos importante, pois não era o centro do universo, mas sim um planeta qualquer que como todos os outros girava em torno do sol, este sim o centro de tudo. A igreja não aceitou essa teoria que depois foi desenvolvida por Galileu Galilei, Kepler e Isaac Newton (Qualquer dúvida consulte o professor mais próximo).
No fim da Idade Média a filosofia estava com um olho no universo e com o outro na terra. Logo começou a discutir uma questão que chamou de Antropocentrismo, que considerava o homem no centro do cosmos. Foi justamente esse momento que separou a filosofia da teologia. Os pensadores que penderam para o lado do homem passaram a ser filósofos humanistas, já os que achavam que Deus deveria ser o centro de tudo foram chamados de teocentristas (teólogos).
Centenas de anos depois, na cidade de Panelas, abandonou-se a crença na razão (antropocentrismo), discordaram de que a terra é o centro do universo (geocentrismo), repudiaram a ideia de que seria o Sol o centro do nosso sistema (heliocentrismo) e até tem gente que abandona o pensamento de que Deus seja o foco (teocentrismo). Criou-se uma nova teoria: o Sérgiocentrismo.
Não canso de repetir que ironia não tem nota de rodapé. Mas não importa ciência do empirismo. Não importa o quanto algo se demonstre na prática. Não interessa as questões filosóficas da ciência política, filosofia, economia ou Administração Pública. Se Sérgio Miranda dizer que algo é, ainda que não seja, seus fiéis apóstolos dirão que passou a ser. Teve até quem abandonasse a religião cristã para se filiar ao espiritismo (religião de Sérgio).
No Sérgiocentrismo não é necessário fomentar a economia local para gerar emprego e valorizar os cidadãos que tendo um trabalho se sentirão humanamente valorizados perante a sociedade. Basta usar um programa semi-escravocrata e batizar de “Valorização Humana”. Nunca se fará um levantamento para apurar quantas pessoas na cidade trabalham no regime da CLT. Jamais se fará o mínimo esforço para promover Concurso Público de forma periódica. Não obstante todos esses fatores nocivos para a cidade que menos cresce na região, se você discutir com um sergianista ele logo atacará com argumentos esdrúxulos e mostrará veementemente como 2+2 é = 5.
Se você questioná-los sobre a preservação do patrimônio histórico vão insistir em dados falsos e citar a teoria de que Veneza seria melhor se não tivesse água. Vão dizer que seria mais fácil aterrar um açude do que cuidar da natureza. Não importa o quanto você insista para extinção de um lixão que por lei é proibido, eles insistirão de que a ideia de Sérgio é genial e que somente ele, entende o que faz (esta ultima parte não é mentira, pois nem Freud explica).
Pois é, caros amigos, não é o sol, nem a terra, nem o homem e muito menos Deus, mas sim, Sérgio Miranda que está no centro de todo universo. Ele não ajusta seu pensamento a lógica, mas subverte a lógica para que esta se encaixe em seus pensamentos. Não é necessário publicar sua agenda no site da cidade, nem tratar a água do açude da cidade. Mais fácil que encher um rio de água, para ele, é encher o mar de terra. Na cidade em que a servidão é tão voluntária que faria La Boétie reescrever seu mais célebre texto, os que se ajoelham e dizem sim para o pensamento sergianista serão os mais bem sucedidos. Serão eles quem ditarão as regras da cidade, as leis da física e de todo universo. Esta conjuntura não mudou só a forma de olharmos o mundo, mas se observarmos bem, mudou o modo como olhamos para nós mesmos. Finalmente Panelas está no centro de tudo; ainda que seja apenas na cabeça dos desgovernadores da cidade.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em direito na FMU, formação em
Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
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