Coisas do Sérgianismo

Não sei se o mais triste é ver a praça do centro de Panelas, que agora não é mais patrimônio histórico, sendo desconstruída desnecessariamente ou se o mais triste é a desculpa ridícula de que ela não estava sendo útil. Não se sabe se o pior é ter uma corja política sem as mínimas condições de juntar causa e consequência ou se é saber que essa mesma corja política anda entrando em tantas contradições que o mundo das contradições virou seu habitat natural.

Existem duas formas de “recuperar” uma praça como a do centro de Panelas. A forma dos anencéfalos e incautos e a forma dos prudentes e sábios. Os políticos incautos (ou corruptos) descuidam-se da manutenção de praças para que possam destruí-las, usando a desculpa de que elas estão feias e inutilizadas. Os políticos sábios cuidam principalmente da manutenção, estalam parques, jogos de tabuleiro e um Wi-Fi grátis. Pronto. Problema resolvido. Agora pense em qual dessas duas formas o desgoverno municipal escolheu.

Vamos esquecer que Panelas é uma “terra cheia de árvores e gente dizendo adeus”. O negócio não é doar terreno para uma empresa sem licitação ou não respeitar o regimento de onde se trabalha. O negócio não é eleger representantes que não tem condição de frequentar reuniões sem tomar “uma” antes. O negócio não é fazer parte de uma cidade que comemora sua emancipação sem saber quando a cidade foi emancipada, e se sabe errou nas contas. O negócio não é aterrar um açude, ou prometer adutora e não entregar. O negócio agora é fazer parte da: Indigestão democrática; busca de voto participativa.

A prefeitura de Panelas acha mesmo que o povo acredita nessa história de “ouvir o povo” quando o fim do mandato de Sérgio Miranda se aproxima? Qual a lógica de ver o que dá para fazer se o que foi prometido ainda não foi feito? E o Plano de Governo? Será que o prefeito deixou em Oregon quando foi passear com a família? Ou será que esse tal projeto é na verdade uma corrida eleitoral fora de hora?

Não sou eu quem vai dizer se essa “corrida eleitoral” é mesmo uma corrida eleitoral. O que sei é que a administração pública municipal não entende nada de administração pública. A maioria dos princípios fundamentais da administração foram negligenciados vergonhosamente. A transparência e acesso à informação são coisas inexistentes na prática.

De uma coisa pode ter certeza: o executivo legisla mais que o legislativo. Enviaram para câmara municipal o projeto de lei número três e, salvo engano, os dois anteriores foram elaborados pelo executivo. Não importa se os projetos são dignos de uma redação do ENEM (aquelas que tiram nota zero), o que importa é que os vereadores estão sendo usados como aquela “televisão na taba de um índio programada para só dizer: sim!”. Pior que eles dizem.

Enquanto essas coisas do *sérgianismo acontecem, se repetem, aparecem e desaparecem, os “líderes” da oposição cochilam em “berço esplêndido”. E se desgasta politicamente não fazendo nada e continua sem fazer nada. O outro que diz que vai fazer alguma coisa, além de frequentar almoços e festas, por enquanto só frequentou almoços e festas.

Se os candidatos de oposição forem os mesmos candidatos de oposição que nunca aparecem para fazer oposição quando importa; é melhor pensar seriamente em aderir ao sérgianismo e torcer para que o grupo que destrói praças, açudes, cultura e futuro saia vitorioso, pois é mais útil uma vida gasta com erros que uma vida gasta fazendo nada.

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