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Como anda, analiticamente falando, a situação da Educação de Panelas?

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Antes de mostrar o resultado da análise a respeito da conjuntura educacional panelense, é necessário, para evitar certos mal-entendidos, levantar alguns pontos de alcance mais geral sobre como se deu o processo metodológico dessa análise, pois como já presenciamos em inúmeros posicionamentos, o relativismo opinativo de boa parte das pessoas que comentam o que acontece na cidade é absurdo, fazendo com que uma sala de aula “repleta de propagandas eleitorais” seja vista como detalhe, numa postura de análise simplista e irresponsável.

Plano Municipal de Educação (PME) - Panelas-PE

Então, na esperança de que os resultados (expostos mais abaixo) dessa análise não sejam julgados como um “indicador de detalhes”, deixo claro que a análise foi realizada, segundo o Plano Municipal de Educação (PME), durante o Fórum Municipal de Educação, aquele do qual falei no último artigo e que serviu para assegurar a participação dos segmentos representativos da cidade na elaboração do PME. O que quero dizer é que essa análise foi feita pelos funcionários da educação (e demais representações da cidade) em parceria com a Secretaria de Educação de Panelas, motivada pelo plano de metas “Compromisso Todos Pela Educação”, programa instituído pelo Decreto 6.094 assinado pelo então presidente Lula em 2007. Para receber o apoio técnico, financeiro e operacional do Ministério da Educação, Panelas aderiu ao compromisso e realizou esse diagnóstico a respeito da situação educacional do Município como um dos requisitos para se manter vinculado ao programa.
Para não cair na subjetividade e no “achismo”, a análise gira em torno de quatro dimensões: (I) infraestrutura e recursos pedagógicos, (II) gestão educacional, (III) Formação dos professores e serviços de apoio escolar e, (IV) práticas pedagógicas e avaliação. Segundo o que está escrito no PME, os integrantes do Fórum foram divididos em grupos – cada um responsável por uma das dimensões – e no final, após discussão e debate, os resultados possibilitaram a elaboração de uma matriz de análise qualitativa que analisa essas quatro dimensões e mais uma (Acesso/cobertura) em cada uma das modalidades que compõem o sistema educacional de Panelas: creche, pré-escola, ensinos fundamentais e EJA. O Ensino Médio também faz parte da análise, mas como meu objetivo aqui é dialogar com vocês acerca do empenho com o qual a gestão municipal vem cuidando da educação de nossa cidade, e como o Ensino Médio é responsabilidade do governo estadual, fixaremos nossas atenções às modalidades precedentes.
Enfim, podemos agora explorar os resultados, e posso adiantar que estes não são nada vantajosos. O acesso à creche e à pré-escola não atende à demanda, assim como a E.J.A. possui alta taxa de evasão. Sobre a infraestrutura e os recursos pedagógicos, Panelas apresenta insuficiência e inadequação em todas as modalidades: desde a creche, até a E.J.A (relembro aqui mais uma vez o caso da sala que mais parecia um comitê). Em relação à prática pedagógica, todas as modalidades necessitam de fortalecimento e utilização de tecnologias (aqui eu me pergunto: como andam as aulas de informática de nossas escolas?). No que diz respeito à formação e valorização do professor, e essa toca fundo na indignação, todas as modalidades apontam para a necessidade de investimento e fortalecimento na formação do professor, além de citar o problema dos humilhantes contratos temporários nas modalidades de ensino fundamental I e II. Para finalizar, a matriz ainda expõe o diagnóstico que diz respeito à dimensão da gestão democrática onde a baixa atuação dos conselhos escolares é apontada como um dos problemas desde a creche até o ensino fundamental II, além da necessidade de fortalecimento do programa Família na Escola.

“Se a educação das gerações vindouras não nos interessa, é sinal que também não se interessaram lá atrás com a nossa.”

Estes resultados só reforçam o que há muito tempo já vínhamos comentando sobre o sistema educacional panelense, há problemas sérios que precisam ser percebidos, questionados e evidenciados para que só assim possam ser solucionados de maneira inteligente. A forma eficiente de se trabalhar em educação precisa sair do papel e começar a ser colocada em prática, não apenas em sala de aula, mas principalmente nas secretarias, diretorias e em todo o ambiente escolar. É fácil ridicularizar o slogan “Brasil: Pátria Educadora”, difícil é enxergar a parcela de culpa que carregamos por permitir que nossa sociedade abra a possibilidade de tal ridicularização. O quanto nos importamos com o que acontece na esfera educacional de Panelas? Se a educação das gerações vindouras não nos interessa, é sinal que também não se interessaram lá atrás com a nossa.

Graduada em Letras e 
Mestranda em Linguística pela UFPE


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