“Segurança sem liberdade é escravidão e Liberdade sem segurança é o completo caos” (Zygmunt Bauman)
Não tinha como escrever sobre outra coisa. Não que a violência tenha começado na semana passada em Panelas (PE), mas foi ao longo da semana passada que ela ultrapassou os limites do inaceitável. É comum encontrar pessoas colocando a culpa nos policiais ou na falta de policiamento em vilas, sítios e bairros, no entanto, é preciso entender algumas coisas para não ser leviano diante de um tema tão sério. Precisamos definir quais os fatores, quem são os responsáveis, quais as circunstâncias etc. Sobretudo é preciso analisar se esse não é um dos muitos problemas causados pela má escolha dos representantes.
A primeira coisa que precisamos definir é: a segurança pública é dever de quem? De acordo com nossa Constituição Federal é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos (art.144). Dito isso, fica claro que as policias civis e militares são subordinados ao Governador do Estado. No caso do nosso município, o que se espera é que o Governador e o Prefeito unam-se como fazem nas campanhas eleitorais. Trazer filho de ex-governador para pousar de pop star é fácil, quero ver cobrar do governador e começar a resolver os problemas como, por exemplo, trazer um delegado para Panelas.
“Ué, Panelas não tem delegado?” Não! Não temos um titular. Temos o delegado Anilson que por mais competente que seja responde por vários municípios da região. Não importa o quão empenhado ele esteja, não será onipresente, não poderá segurar os problemas causados pelos fatores Socioeconômicos, institucionais, culturais etc., sozinho. Tirando o fato de não termos um delegado que possa se concentrar só em Panelas, temos outro ainda pior: os policiais são maltratados e não têm condições de trabalho. Ou por acaso já esqueceram que no dia 15 de maio de 2014 a Prefeitura de Panelas publicou uma nota cancelando a comemoração dos 144 anos de nossa cidade por conta da greve dos policiais e bombeiros do Estado de Pernambuco?! O que quero dizer é que desde 2014 os policiais vêm gritando por melhorias em salários e condições dignas de trabalho. E o que fizemos para ajudar? Elegemos Paulo Câmara (PSB).
Não adianta por a culpa nos policiais, o problema é político. Duvida? Vamos lá. Os estudiosos acreditam que há uma relação entre a pobreza, fome e criminalidade. Os autores afirmam que a miséria conduz a roubo e prostituição; o desemprego ou a ausência de renda levam à ilegalidade. Chamam isso de fatores socioeconômicos. A omissão do Estado na prevenção e na repressão da violência, como a deficiência no sistema escolar (crianças entrando tardiamente na escola e salário baixo dos profissionais da educação) ou mesmo escolas que parecem comitês, moradia, saúde pública etc., Chamam esses fatores de: Institucionais.
Dos fatores culturais nem vou falar porque além da discrepante diferença de “pessoas excessivamente ricas e outras desesperadamente pobres”, que já tratei em outro artigo, temos uma cultura que valoriza o álcool, e os automóveis alienados (motos, carros etc.). Vai dizer que não é comum em Panelas encontrar motos alienadas e jovens com menos de dezesseis anos embriagados ou pilotando (ou os dois)?! Pois é. Se eu fosse um bandido escolheria um local onde tem muitas motos alienadas, pois teria muitos compradores de peças e pessoas que não prestariam queixa (cifras negras). Ninguém que esteja cometendo um ilícito presta queixa porque alguém cometeu um ilícito contra seu ilícito (piadinha sem graça).
O que não tem graça mesmo é a violência derrubar o muro e invadir nosso quintal porque sabe da ineficiência dos governantes. A criminalidade invadiu a casa de um dos vereadores, sequestrou o vice-prefeito por uns minutos (Lembram?) e levou alguns de nossos amigos e familiares para sempre. Não importa quantos enterros os governantes de nossa cidade precisem ir, não muda nada se não fizerem uma ação no sentido de prevenção e repressão. Algumas coisas tem como remediar outras não. Poderíamos aproveitar que o prefeito (PSB), apoiou o Governador (PSB) e fez com que os vereadores migrassem para o PSB para solicitar mais policiais para cidade, mas não só isso, pois devemos aproveitar para refletir sobre a importância desses profissionais que andam sendo pisoteados e mortos pelo crime organizado e políticos picaretas.
Atualmente parece que PSDB, PT, PSB, PCC etc., divergem apenas nas siglas. De uma coisa temos certeza: é o povo quem está morrendo. Policiais estão morrendo. Crianças crescem na cultura da cachaça, sexo e cabaré. Jovens entregues às drogas legais ou ilegais. Enquanto isso os políticos montam alianças para eleição do ano que vem.
Na ultima audiência publica sobre violência realizada em Panelas (14/05/2015) os vereadores espernearam, mas nem eles pareciam ter ideia da seriedade da atual conjuntura. A vereadora Tita da Maternidade descobriu que a maioria dos assaltos tinha como vítimas motoqueiros e que estava preocupada, pois ela havia presenciado três (não diga). O delegado disse que não se ateria a documentação dos veículos ou habilitação dos condutores por algum tipo de “costume local que revoga o CTB”, apesar de elogiar bastante o trabalho dele, aí ele errou feio.
Por fim, existem dois fatores que são absolutamente indispensáveis para uma vida satisfatória, compensadora e relativamente feliz; um é segurança e o outro é Liberdade (ambivalência da vida). Segurança sem liberdade é escravidão e Liberdade sem segurança é o completo caos. Quem diz isso é o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.
Atualmente vivemos o caos e podemos agradecer especialmente aos políticos que estão com bastante tempo para ler esse artigo (legislativo), pois só voltam a trabalhar em outubro. Em quanto eles têm seu tão “merecido descanso”, os panelenses devem trancar as portas de suas casas na nossa cidade “pacata e ordeira” para não descansar em paz. E só mais uma coisa: pedir que o Governador (que Sérgio Miranda apoiou) venha em socorro do povo não adianta, os policiais fizeram isso diversas vezes esse ano e não foram atendidos
Por Pierre Logan
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