“Alfa é o indivíduo dominante e confiante, geralmente exerce uma função de liderança diante de outros elementos do grupo”
Título cumprido e talvez desnecessário. Não obstante, epítome de uma realidade dolorosa e recorrente no cenário político do município. Poderíamos dizer fraqueza moral, todavia, seria uma injustiça já que ser alfa (alpha), beta ou ômega não tem muito a ver com preceitos ou regras que governam as escolhas dos indivíduos. O fato é que antigamente os alfas se envolviam em questões políticas, hoje eles desapareceram delas.
Peguei emprestado esses termos da zoologia para aplicar na política do nosso município porque acontecimentos recentes me pareceram repetir acontecimentos passados. Uma espécie de déjà-vu seguido de sensação de vertigem fez-me refletir sobre mais um dos muitos problemas que enfrentamos. Vamos começar com as definições para auxiliar o entendimento do que pretendo desenvolver.
Alfa é o indivíduo dominante e confiante, geralmente exerce uma função de liderança diante de outros elementos do grupo. Digamos que ele tem grande capacidade de sedução e quase sempre convence pessoas, quando não convence reforça sua autoridade através da intimidação. O macho beta é o segundo na hierarquia, ele assume a posição do alfa quando este morre ou perde o status. Ele tem quase a mesma capacidade que o alfa só que é mais fraco. Já o ômega é o elemento mais fraco do grupo. Ele é submisso a todos os outros. Esse sequer cogita a possibilidade de entrar numa briga com quem quer que seja (às vezes nem pela sobrevivência). Tudo bem. No mundo dos animais irracionais é assim que funciona. É o que diz a ciência. Não estou inventando nada. Como será no reino dos homo sapiens?
Primeiro vamos criar uma situação hipotética: Imagine que dois cidadãos queiram se candidatar a prefeito. Vamos criar nomes fictícios para esses nossos dois personagens fictícios. Digamos que um se chame Zivan e o outro Zubens. Muito bem, esses dois personagens desta nossa ficção que obviamente não tem nenhuma ligação com a realidade panelense decidem que querem o cargo de prefeito. Se fossem alfas eles lançariam suas candidaturas e disputariam o poder até a última gota de sangue, suor e dinheiro. Teríamos uma guerra de propagandas e ações políticas, muitos processos judiciais e uma disputa das mais ferrenhas. Como não são alfas eles começam a especular uma suposta e possível candidatura. Digamos que nessa situação hipotética exista outro personagem fictício que chamaremos de Zérgio. Um alfa. Na hora que ele percebe que seu território e seus planos estão ameaçados, ele chama os dois e parte para intimidação. Coloca cada um no seu lugar e diz que quem manda no pedaço é ele e exclusivamente ele. Os dois colocam o rabinho entre as pernas e esperam o macho da história decidir.
Pronto. Depois dessa nossa pequena ficção fica muito mais fácil entender que se existirem vários alfas na mesma cidade ou a briga pelo poder será eterna ou alguns sairão da cidade para liderar fora dela.
Observem que não estou dizendo que não exista macho alfa (ou mulheres alfas) em nosso município. O que estou dizendo é que eles não estão se envolvendo em política. É fácil constatar que existem homens e mulheres alfas em Panelas pelo número de brigas e confusões. Cada um tentando impor respeito e defender seu espaço, no entanto, deixando o interesse de lado no tocante aos problemas que afetam toda a comunidade.
O alfa (ou líder) quando se envolve em política não teme represálias, não baixa a cabeça por mais poderoso que o oponente pareça. Se fizer negociações é pura estratégia, não por medo. Se fizer acordos é por interesse dele, nunca por receio de ser subjulgado.
A espera de todos os “possíveis candidatos” da direção do município pela decisão de Sérgio Miranda não evidencia nada além a fraqueza dos outros agentes desse grupo. Se alguém sabe que é o melhor para exercer o comando do executivo não há de se falar em “esperar o grupo decidir”. Se você acredita em si mesmo não precisa submeter-se a vontade de um terceiro só porque ele está no poder. Se for sincero com você mesmo, jamais será falso com outra pessoa.
“Jamais entenderei quem abandona seus ideais para sangrar e morrer pelas ideias dos outros”
A prova do que estou desenvolvendo está justamete no fato de todos os políticos que apoiam o atual governo (eleitos ou não) terem saído de seus partidos para se filiarem ao partido que o prefeito escolheu. É mais do que falta de culhões, é deixar de ser senhor de sua vontade, de sua vida e de suas ideias. Posso compreender perfeitamente pessoas que sangram e morrem por suas ideias, mas receio que jamais entenderei quem abandona seus ideais para sangrar e morrer pelas ideias dos outros.
O pior é que, ao lado disso, temos alguns políticos de oposição que agem da mesma forma. Refiro-me a novos nomes que não citarei apenas para não dar audiência. Em vez de chegar e delimitar seu espaço trazendo os desejáveis para dentro do seu grupo, repelindo os indesejáveis e subjugando os que se opuserem a isso; preferem fazer conchaves e acordos para evitarem o conflito que, apesar de ser incômodo, é extremamente necessário.
“Nem tudo o que se junta dá certo”
A oposição acredita no: “juntos somos mais fortes”. Contrapondo-se a experiência passadas que provam que todas as vezes que se juntaram perderam. Nem tudo o que se junta dá certo. Não dá para fingir que a combinação de água e vinho em proporções iguais seja uma boa mistura. Mas sabemos que é feito mais pela falta do alfa do que por excelência dos estratagemas políticos.
Temos alfas donas de casa. Temos alfas na economia, na roça, nas obras, em casa, nas escolas, nos bares etc. Você que está lendo este artigo pode certamente se identificar como um por sempre exercer funções de liderança em seu meio. Você que não se deixa dominar e não gosta de receber ordens, que toma decisões difíceis, que aceita desafios e gosta disso, também deve se encaixar no perfil dos alfas. Mas perceberá imediatamente que não pensa em se candidatar ou coisa do tipo. Pois é, alfas estão em falta na política de Panelas. Pessoas decididas e com coragem de enfrentar o bom combate de cabeça erguida não estão interessadas nos cargos de vereador ou prefeito. Talvez por acharem que não se sairiam bem no meio dos covardes, não imaginando que dominariam todos eles. Lembremos que “não se pode evitar uma guerra, apenas adiá-la em benefício do nosso inimigo”. Penso que já adiamos muito.
Coluna Política // Por Pierre Logan
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