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Raul Henry e Sérgio Miranda: a incompatibilidade reina quando o assunto é Educação

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Depois de um período ‘off-line’, justificado pelo volume de outras escritas que eu precisava/preciso cumprir, retomo com ânimo revigorado meus artigos sobre Educação aqui no Panelaspernambuco.com. A data é sugestiva, pois sucede a abertura do ano letivo 2016 da rede municipal panelense que teve início nesta quarta-feira (03/02), marcada por um evento destinado aos profissionais da área e que aconteceu na Sociedade Esportiva Panelense.

“A cada novo ano temos a ficção de que começa alguma coisa! Nada começa: tudo continua”

O vice-governador Raul Henry, figura conhecida do povo de Panelas, ministrou no evento uma palestra sobre ‘Educação Pública’ e, apesar de ser formado em Economia e possuir mestrado em Gestão Pública, há de se pontuar que o político tem conhecimento na área da educação, já que sua pesquisa de mestrado atuou na área, falando sobre diferentes modelos de ensino de países que usaram a educação para alavancar o desenvolvimento. Além disso, Raul Henry foi secretário de Educação e Cultura (2001-2002) de Pernambuco e no Congresso Nacional foi membro titular da Comissão de Educação e Cultura e das Comissões Especiais do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Lei de Responsabilidade Educacional (LRE), ou seja, este homem tinha muito a falar, não apenas à plateia de professores, diretores e coordenadores, mas principalmente à mesa formada pelo prefeito da cidade, pela secretária de educação, pelos vereadores e outras pessoas que ali estavam.
Falo que tinha muito a ensinar porque a falta de aproximação entre o que Raul Henry defende e o que acontece na educação de Panelas chega a ser assustadora. Mas para não ficar no campo da abstração, vamos aos fatos. Raul, enquanto secretário de educação, implantou a profissionalização da gestão escolar através da escolha de diretores baseada em um sistema misto de seleção interna por avaliação de conhecimentos e eleição direta pela comunidade escolar, nada parecido com o que acontece em Panelas, onde os diretores são apadrinhados, digo, escolhidos sem consulta alguma à comunidade ou processo seletivo que meça seus conhecimentos. Sobre valorização dos profissionais da Educação, Raul Henry enquanto secretário implantou o plano de cargos e carreiras para os docentes e na palestra ministrada em Panelas também falou sobre o assunto, o problema é que um grande percentual da plateia que o assistia é formado por profissionais explorados pelo inconstitucional contrato. Veja como toda essa situação é contraditória: um defensor do plano de cargos e carreiras falando para vários profissionais que não sabem nem o que é receber 13º salário, muito menos férias, que dirá construir uma carreira do/decente em Panelas. Deixemos esse direito para quem é concursado, aliás, por falar em concurso, alguém sabe quando essa Câmara de Vereadores andará com as próprias pernas e colocará em votação o bendito projeto para que, enfim, haja concurso em solo panelense? (Esperar por essa Câmara cansa qualquer um).
Voltando às incoerências entre a administração atual de Panelas e o histórico do vice-governador quando o assunto é Educação, ainda na palestra, Raul Henry falou sobre a importância do professor capacitado para a construção do processo de ensino-aprendizagem, engraçado falar sobre isso em uma cidade que mandava muitos funcionários para sala de aula sem terem formação para tal, nem Magistério, muito menos alguma Licenciatura. Essa é mais uma das ‘conveniências’ dos contratos, não há efetiva seleção, não há pré-requisitos, aliás, há apenas um: ser ‘do lado’ do prefeito.
Se para os universitários, Raul lançou o ‘Rumo à Universidade’, em Panelas os estudantes precisam ir a reuniões para ouvir o prefeito dizer que vai fazer a caridade de pagar uma porcentagem do transporte, ai de quem não participar da reunião, corre o risco de não receber a ‘caridade’. Se por um lado há os programas ‘Dinheiro na Escola’ e o ‘Livro na Escola’, em Panelas temos a creche de São Lázaro parada e se deteriorando sem nunca ter sido usada, ou a de Cruzes que não tem a mínima previsão de quando atenderá à comunidade. Enfim, não estou aqui para santificar Raul Henry, longe disso, mas acredito que Panelas (prioritariamente a administração) ainda precise de mais algumas dezenas de palestras para levar a educação da cidade verdadeiramente à sério.
Bom, eu poderia listar mais algumas coisas, mas vamos deixar para um próximo artigo, afinal, o ano letivo está apenas engatinhando. Ao corpo docente e discente da minha amada Panelas desejo garra, perseverança e muita criatividade para conseguir driblar os obstáculos que diariamente surgem pelo caminho. Sei que é difícil pensar em grandes mudanças na Educação de Panelas só porque um novo ano letivo está por vir, pois como disse Fernando Pessoa a cada novo ano temos a “Ficção de que começa alguma coisa! Nada começa: tudo continua.” Principalmente quando as mesmas pessoas estão à frente, cometendo os mesmos erros, negando os mesmos direitos, mas é bom pensar que a mudança está próxima, que o diferente bate à porta, é só permitir sua entrada.

Coluna Educação // Por Sheila Alves

Não é a primeira vez que o Vice Governador vem palestrar em Panelas:

Raul Henry fala da importância da transparência em Panelas-PE, município com a situação crítica no índice de transparência do TCE


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