Quer justiça, meu amigo, então trate sempre os iguais como iguais; desiguais como desiguais; cada um na medida de sua desigualdade. Esta ideia foi posta por Aristóteles e bastante divulgada pelo saudoso Rui Barbosa. É recorrente nos debates políticos e comumente utilizada fora de contexto. Como debates sem lógica estão em moda na República dos Bananas e o subjetivismo parece ter dominado a esfera dos “pensadores que não pensam, estudantes que não estudam, trabalhadores que não trabalham e pesquisadores que não pesquisam etc.”, devemos descer um pouco de nível para nos igualar aos desiguais e adentrar numa aparente contradição permeando a questão da plutocracia, imbecilismo institucional, mas tendo sempre cuidado para não descer demais e não chegar, por exemplo, ao nível do Mica, pois uma vez na fossa, é difícil se acostumar com…outro cheiro.
“Meu partido é um coração partido, só que ainda bate”. G.O.G, poeta brasiliense, acertou em cheio e me fez pensar bastante numa ideia meio absurda que me fez quase parar na madrugada anterior e cometer o maior erro que se pode cometer no que concerne a política panelense: “dar um tempo”. Sim, pensei em esquecer um pouco a política de Panelas (absurdo!). Sempre me gabei quando alguém me falava de quão resiliente eu era. O que diria para as pessoas que acreditam em mim? Usaria a desculpa de que estou num processo contínuo de construção e desconstrução de minha personalidade? Entraria por uma das portas mais sorrateiras da hipocrisia e colocaria uma inscrição pregada com aço na minha cara de pau: Fechado para reforma!. Não. Não é do meu feitio.
Resiliência é uma palavra originariamente da física e bastante utilizada em psicologia de RH. Não, caros amigos, não sou resiliente. Não volto ao meu estado normal depois de ter passado dias no fundo do poço. Eu volto melhor. Volto com mais gana, ódio, força, maturidade ou seja lá a palavra que se queira usar. Por que alguém se “fecharia para reforma”? Fechar-se para reforma é um pensamento quase tão néscio quanto fechar a Câmara de vereadores para reforma.
Ué?! Vai dizer que não sabia? Sim, a Câmara Municipal está fechada há semanas para reforma (uma irritante redundância proposital). Uma reforma estrutural de tinta, talvez cimento, encanamento também é uma possibilidade, rede elétrica etc., ou seja, tudo para garantir o conforto de quem trabalha (eu falei trabalho?) uma única vez por semana, num lugar onde não se precisa de conforto, mas sim de tensão. Salvo engano não faz muito tempo que a mesma Câmara passou por uma grande reforma. O que justifica outra reforma em tão pouco tempo? Se eu fosse um cara desconfiado e talvez um pouco astuto, desconfiaria que alguém usa essas reformas para desviar “coisas” e superfaturar as benditas obras. É uma acusação? Não! Longe disso. Para acusar eu teria que ter provas e para fazer as provas eu teria que ter acesso aos nomes e documentos das empresas que participaram do certame licitatório. Ou vai dizer que não tem no portal da transparência da Câmara? Ops, esqueci que nem Portal da Transparência a Câmara tem.
Carruagens blindadas passeiam com agentes de egos inflamados pelas ruas esburacadas do município, refletindo nos olhos cansados de um povo sedento de água e representação política. Os agentes políticos não estão trabalhando porque a “Casa do povo” está em reforma. Uma reforma pertinente; tempestiva, já que coincidiu com a época festiva e de reuniões políticas de todos os lados. A oposição não questionou a reforma, não cobrou valores e, se cobrou, não divulgou. O povo acena, cansado, nas tardes modorrentas das calçadas quebradas que precisam urgentemente de uma reforma. A oposição, que jura amar o povo como a si mesma, não protesta. Será que ela também não necessita de uma reforma? E se não se reformou ainda, por que passou tanto tempo fechada? E se prometeu uma reforma interna porque voltou disforme, assimétrica em relação ao eixo? É feia porque não se reforma nem na aparência, nem no modo de agir.
Tratar os iguais como iguais. Seria o mesmo que identificar o culpado pela miséria na ação de um governo corrupto e na omissão de uma oposição conivente com a corrupção que segue de cabeça e de braços erguidos atropelando, como um rolo compressor, um povo que se mantém de joelhos. Desiguais como desiguais. Seria o mesmo que tratar com desprezo em campanhas eleitorais aqueles políticos que desprezaram seus deveres mais básicos fora de época eleitoral e tratar cada cidadão humilde como excelência. Cada um na medida de sua desigualdade. Seria o mesmo que manter o sentimento de mudança e de capacidade de trabalho ao longo dos anos que sucedem a campanha. Que obter o voto não seja o final, mas o começo de uma jornada cheia de pedras nas ruas asfaltadas das campanhas de uma cidade que conhece a realidade e enfrenta todo tipo de luta para impedir que o sonho jamais desapareça.
Uma cidade com um governo e um sentimento novo. Reformado. Uma oposição que se renova, que se reforma; e que nunca está fechada para os anseios da população. Uma Câmara com um presidente menos obtuso, incapaz, covarde e, se possível, com uma personalidade menos gelatinosa. Com sindicatos de professores que se preocupe com a educação, com a mesma frequência que se preocupa com o salário (vide os posts das redes sociais). Se todos decidissem seguir o exemplo da Câmara Municipal de Panelas e fechar para reforma, o mundo estaria parado. Mas assim como tudo no universo que faça algum sentido, o mundo real não para reforma.
A Câmara não precisava gastar dinheiro com concreto, tinta ou coisa do tipo. A Câmara Municipal não precisa de mais maquiagem. A reforma que precisamos no legislativo panelense não é materialmente mensurável. Precisamos de uma reforma dos agentes que trabalham na Casa. Precisamos que nossos representantes e funcionários sejam tudo o que querem aparentar. Os políticos não se reformaram e por isso devem ser retirados do poder. Necessitamos de uma reforma total, não dos prédios, mas das pessoas que trabalham dentro dos prédios. As cores têm mais importância quando o quadro em que vivemos não é preto em branco. Quando a esperança vai perdendo a tonalidade verde e ganhando uma tonalidade cinzenta e sem graça, percebemos que o nosso modo de olhar pode interferir no nosso modo de agir, e só este último é que pode mudar alguma coisa. A reforma não pode ser recorrentemente desculpa para a preguiça legislativa, para interstícios politicamente pertinentes ou para festas.
Se não fizermos como os medíocres fazem hoje, se não pensarmos como os que não pensam, notaremos rapidamente que, ao contrário do que dizem os idiotas; é preciso abrir-se para mudança, em vez de fechar-se para reforma. E talvez com muito sacrifício tenhamos a alegria de nos voltarmos para política com uma postura e com o espírito totalmente reformado, sem fechar-se para novas ideias e, o mais importante, com a Câmara Legislativa de portas e braços abertos para todo povo panelense.
Tratar os iguais como iguais. Seria o mesmo que identificar o culpado pela miséria na ação de um governo corrupto e na omissão de uma oposição conivente com a corrupção que segue de cabeça e de braços erguidos atropelando, como um rolo compressor, um povo que se mantém de joelhos. Desiguais como desiguais. Seria o mesmo que tratar com desprezo em campanhas eleitorais aqueles políticos que desprezaram seus deveres mais básicos fora de época eleitoral e tratar cada cidadão humilde como excelência. Cada um na medida de sua desigualdade. Seria o mesmo que manter o sentimento de mudança e de capacidade de trabalho ao longo dos anos que sucedem a campanha. Que obter o voto não seja o final, mas o começo de uma jornada cheia de pedras nas ruas asfaltadas das campanhas de uma cidade que conhece a realidade e enfrenta todo tipo de luta para impedir que o sonho jamais desapareça.
Uma cidade com um governo e um sentimento novo. Reformado. Uma oposição que se renova, que se reforma; e que nunca está fechada para os anseios da população. Uma Câmara com um presidente menos obtuso, incapaz, covarde e, se possível, com uma personalidade menos gelatinosa. Com sindicatos de professores que se preocupe com a educação, com a mesma frequência que se preocupa com o salário (vide os posts das redes sociais). Se todos decidissem seguir o exemplo da Câmara Municipal de Panelas e fechar para reforma, o mundo estaria parado. Mas assim como tudo no universo que faça algum sentido, o mundo real não para reforma.
A Câmara não precisava gastar dinheiro com concreto, tinta ou coisa do tipo. A Câmara Municipal não precisa de mais maquiagem. A reforma que precisamos no legislativo panelense não é materialmente mensurável. Precisamos de uma reforma dos agentes que trabalham na Casa. Precisamos que nossos representantes e funcionários sejam tudo o que querem aparentar. Os políticos não se reformaram e por isso devem ser retirados do poder. Necessitamos de uma reforma total, não dos prédios, mas das pessoas que trabalham dentro dos prédios. As cores têm mais importância quando o quadro em que vivemos não é preto em branco. Quando a esperança vai perdendo a tonalidade verde e ganhando uma tonalidade cinzenta e sem graça, percebemos que o nosso modo de olhar pode interferir no nosso modo de agir, e só este último é que pode mudar alguma coisa. A reforma não pode ser recorrentemente desculpa para a preguiça legislativa, para interstícios politicamente pertinentes ou para festas.
Se não fizermos como os medíocres fazem hoje, se não pensarmos como os que não pensam, notaremos rapidamente que, ao contrário do que dizem os idiotas; é preciso abrir-se para mudança, em vez de fechar-se para reforma. E talvez com muito sacrifício tenhamos a alegria de nos voltarmos para política com uma postura e com o espírito totalmente reformado, sem fechar-se para novas ideias e, o mais importante, com a Câmara Legislativa de portas e braços abertos para todo povo panelense.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Bacharelando em direito na FMU, formação em
Filosofia e Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
Filosofia e Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
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