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O BANQUETE DOS COMPANHEIROS

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Os leitores desta coluna já conhecem minha posição acerca da relação “oposição VS situação”. Claro que quando uso a palavra “oposição”, refiro-me ao grupo que deveria lutar contra os desmandos do atual prefeito. É importante salientar que estou tratando aqui exclusivamente da “oposição” representada por Lourinho, supondo que ele represente alguma coisa. O grupo do Rildo de Mano é um elemento novo e, a meu ver, deve ser visto mais como outra via do que como oposição. O motivo desta análise é óbvio e creio não carecer de mais explicação. Portanto e, doravante, entenda-se por companheiros aqueles que se identificam com o Macunaíma panelense.

“Diga-me com quem tu andas que eu te direi que és”

Por óbvio, caso o grupo do Rildo de Mano se junte com os companheiros, serão companheiros também, já que “diga-me com quem tu andas que eu te direi que és” (É bíblico, mas não é bíblico). O que de fato está na bíblia é: “Aqueles que andam com sábios serão sábios, mas aqueles que andam com Macunaíma serão Macunaímas” – #grifonosso.


Por que usar a palavra “companheiros” para tratar do grupo de Lourinho? O primeiro motivo é que não acho justo dar mérito a pessoas que não merecem. Não é justo com pessoas que lutaram contra o desgoverno panelense chamar um cidadão que nada fez de “oposição”. Seria mais justo denominar o grupo de Lourinho de “omissão”, como já disse em outro artigo. O problema é que a omissão de Lourinho tem o mantido como líder há anos. Ele se beneficia nas campanhas estaduais dos “lucros” advindos da, em tese, liderança que exerce nas campanhas municipais. É justamente nesse ponto em particular que a palavra “companheiro” se coloca como uma luva na situação de Lourinho (adoro esses jogos de palavras com “Lourinho” e “situação”).

A palavra “companheiro”, em sua origem, significa aquele que come pão conosco, segundo Sérgio Greif, biólogo e mestre em Alimentação e Nutrição. Em outras palavras, a tese que estou tentando defender é: Lourinho se alimentou politicamente nos últimos anos na mesma mesa que Sérgio Miranda se fortaleceu; na desgraça do povo. E se um necessitou da “ajuda” do outro para se manter firme cada um no grupo em que está, por que não chamá-los de companheiros?

A mesa política em Panelas é farta e mais lucrativa do que parece, jamais deixou de nutrir os bolsos de coronéis desprovidos de comportamento ético, mas riquíssimos em amizades com as ditas “pessoas importantes”. Políticos importantes aparecem nas eleições estaduais e sempre somos apresentados (geralmente em volta de mesas) para um novo arquétipo de salvador da pátria. Pretensos Deputados e Senadores são apresentados aos panelenses e, em alguns casos, apresentamos Panelas a eles.

Insisto nesse ponto porque é importante que se note a necessidade de uma mesa farta de bebida, comida, sorrisos, discursos e promessas para que as pessoas acreditem que, em caso da merecida vitória do candidato, o povo terá espaço em outra mesa. A mesa das negociações, não das aparências.

O fato é que, de acordo com o biólogo supracitado, aquilo que se come determinou o nome com que povos ao longo dos tempos denominavam outros povos. “pontiguar” em tupi é aquele que come camarão; “esquimó” é a denominação que os índios algonquianos deram aqueles que comiam carne crua. Habitantes mais ao norte; arawaks, os primeiros ameríndios avistados por Colombo, foram assim denominados por comerem mandioca; os tukudikas, tribo de Idaho, têm origem de seu nome no hábito de comerem carneiros das montanhas; os cumbas foram assim chamados por seus vizinhos em Serra Leoa por seu hábito de consumir carne humana.

Seguindo a lógica do parágrafo anterior deveríamos chamar os líderes políticos que se fortalecem financeiramente da política de papas-grana? Não. Nosso município tem uma característica curiosa. Num primeiro momento usamos “papa-méis” para determinar uma importante tribo da região, mas depois deixamos de usar o que comíamos para denominar nosso próprio povo e passamos a usar os objetos que usávamos para preparar comida. As serras pareciam uma trempe, que apoiavam panelas para cozinhar. Achei curioso e não pude deixar de notar certa evolução.

“Uma oposição que jamais incomodou uma administração que agradece por isso”

Mudamos nossa forma de relacionamento. Hoje podemos denominar não o que comem ou o que usam para preparar a comida, mas com quem comem. Uma relação contínua de silêncio colaborador. Uma oposição que jamais incomodou uma administração que agradece por isso. Um lado de mãos dadas com o outro, mas sem se olhar ou trocar palavras. Apenas um tipo de “silêncio qualificado”. O silêncio que protege, permite, colabora; que auxilia. E por trás da falta de mantimentos na mesa do cidadão, uma festa farta de sorrisos, bebidas, acordos e comida. Algo digno de companheiros. Uma trupe de mandantes e mandatários. Um lado que sempre ganhou, outro que sempre perdeu, no entanto, ambos paradoxalmente, de certo modo, sempre saíram vitoriosos. Não que eu vá investigar, mas seria bom estar errado desta vez. 

Coluna Política // Por Pierre Logan

Formando em direito na FMU, formação em
Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.


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