Publicado em 06/06/2016 | Atualizado em 21/02/2022
Começo a me agradar do modo de agir do Rildo de Mano. “Ora, mas Pierre, em outro momento você havia dito que ele tinha errado etc.”. Realmente. Cometeu erros graves e agora sabe disso. Não escolho lado quando nenhum deles me convence. Não me obrigo a defender ideias que não acredito e menos ainda acusar coisas que considero certas. Quando penso que algo está errado digo que está errado. Quando penso que algo está certo digo que está certo. Não tenho político de estimação e nem sou animal de estimação de nenhum político (se é que me entendem).
“Os detalhes são o que determinam a perfeição ou imperfeição de uma obra, seja de uma obra de arte ou da maior obra que alguém pode construir durante a vida; sua própria história de luta”
Para quem acha que faço estardalhaço com coisas simples saiba que o demônio não mudou de endereço, ele ainda mora nos detalhes. E os detalhes são o que determinam a perfeição ou imperfeição de uma obra, seja de uma obra de arte ou da maior obra que alguém pode construir durante a vida; sua própria história de luta.
As conversas nos bastidores da política panelense são em voz baixa (todos os lados sussurram). Ninguém quer mostrar o jogo porque acreditam naquela velha ideia de que quem mostra as cartas primeiro acaba perdendo. Na verdade, de acordo com a teoria dos jogos e análises de probabilidade, se você sempre tiver as piores cartas não importa quem mostra primeiro. É uma questão de sorte, memória e “discurso” (lábia).
O único fato novo na política panelense é ninguém menos que o Rildo de Mano. Bom ter usado o termo “fator” porque o próprio título do artigo nos remete a outro artigo que chamei de “o fator Lourinho”. Foi nele que expliquei que a “ordem dos tratores não altera o viaduto” e que tal regra só funcionaria para multiplicação e adição. Reclamei também dos devaneios do papagaio no que concerne a ele ser o “candidato vitalício da oposição”.
Defendi no artigo supracitado que se Lourinho e Rildo saíssem juntos ou como dizem “na mesma chapa” (adição), não seria difícil de notar que a soma seria a mesma, ou seja, juntos são uma propriedade comutativa. Já falei e repito: “desconfio que Lourinho esteja perdendo de propósito”. Desconfiar não é crime e convenhamos, ele já deu muitas razões para desconfiar disso. Só o fato de “agir da mesma forma e esperar um resultado diferente” já é mais do que suficiente para pelo menos imaginarmos algo assim.
Pois bem, voltemos ao conceito de fator: “tudo aquilo que influa no resultado”. Sim, e há possibilidade de afetar o resultado das eleições. Observemos as hipóteses:
- a) se Rildo se junta com Lourinho perdem e inicia-se a discussão sobre quem teve mais votos e quem “juntou” mais gente. Os dois continuam na discussão dividindo-se nas eleições estaduais (já que os políticos apoiados por Rildo são uns, e Lourinho sempre apoia um que ninguém nunca ouviu falar), Passarão mais quatro anos e a briga continua porque o candidato vitalício da oposição prefere perder a deixar alguém ganhar.
- b) se Rildo desiste e deixa o Macunaíma em paz para perder sozinho não haverá mais discussão, pois Lourinho continuará sendo o “deixa como está para ver como é que fica”. Desaparece nos dois anos seguintes, reaparece na eleição estadual e volta para as eleições municipais depois de mais dois anos desaparecido. Tudo do mesmo jeito de vinte e tantos anos atrás. Como diz um grande compositor panelense: “com um visual novo a história vem se repetir; a fantasia de um carnaval que já passou” (#souhumildesim).
- c) se Lourinho desiste de candidatar-se e apoia Rildo, há menos possibilidade da oposição perder porque os que acreditam no Macunaíma o seguiriam e os que não acreditam podem votar no Rildo, da mesma forma aqueles que não votam em candidatos de Sérgio e muito menos em Lourinho (eu, por exemplo) teriam alguma opção.
- d) Se Lourinho bate o pé e sai candidato e Rildo decide se manter mesmo assim na disputa, a oposição perde, todavia, saberemos exatamente quantos votos cada um tem, teremos dois grupos de oposição disputando para ver quem faz oposição durante quatro anos, mais opções nas eleições subsequentes e há uma grande possibilidade de termos um candidato de oposição eleito nas próximas campanhas.
Como falei “fator é tudo aquilo que influa no resultado” e como se pode constatar facilmente; Rildo de Mano é o único capaz de interferir. Porque se ele desiste ou se junta as coisas continuam as mesmas, mas se ele insiste e divide algo mudará. Não estou dizendo que o apoio ou que acredito que seria um bom prefeito. Estou dizendo que, querendo ou não, muita coisa do futuro dependerá das escolhas dele inicialmente e posteriormente das escolhas do cidadão. Refiro-me a vitória ou derrota em longo prazo.
“Vivemos em um mundo onde o líder como qualquer outro deve apresentar resultados.”
Relembremos o que falei outrora: “o líder não é líder meramente por ser ovacionado por uma parte do grupo que pensa que vivemos em um mundo que o “eu acredito” tem importância. Vivemos em um mundo onde o líder como qualquer outro deve apresentar resultados. Vivemos neste mundo que Sérgio Miranda transformou o sistema político de Panelas no da Itália de 1922 (ano de fundação do fascismo)…”. E faço questão de repetir que com Lourinho a derrota com certeza acontecerá, com Rildo pode ser que ela venha a acontecer. Se for calcular, cuide para não esquecer do fator Rildo.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em direito na FMU, formação em
Filosofia Geral, Fundamentos do Direito Público,
Ciência Política e Teoria Geral do Estado.
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