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DESVIOS GRAMATICAIS NO AMBIENTE ESCOLAR: o que eles denunciam

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Antes de escrever esse artigo, pensei ao máximo como abordar um assunto tão delicado sem cair na armadilha de ecoar sentidos preconceituosos na minha fala. Muitos criticam os linguistas por acreditarem que nosso trabalho propaga o “tudo é possível” na hora do uso da Linguagem, ou você não se lembra da polêmica do livro didático que trazia a frase “os menino pega o peixe” e que foi amplamente criticado pela mídia por, segundo ela, “ensinar o aluno a falar errado”?
Longe de ser esse o objetivo, a preocupação estava em propor debates e mostrar ao aluno que outras possibilidades de comunicação existem e que ridicularizá-las, assim como zombar dos coleguinhas que utilizam essas variações, configura preconceito e, portanto, precisa ser banido das vivências sociais desde cedo. Dito isso, passo agora para o tema principal a ser trabalhado, trata-se dos recorrentes “desvios gramaticais” que tomam contam dos ambientes educacionais do nosso país, em especial de nossa cidade.
Em conversa com amigos esta semana, observávamos uma foto tirada na Biblioteca Municipal de Panelas e nela um cartaz com dois desvios, um de conjugação e outro de ortografia. Sem adotar uma postura de condenação, conversávamos sobre o problema que a vivência escolar com esses desvios pode trazer para o nosso futuro, tanto acadêmico, quanto profissional. O problema maior talvez seja o de sermos julgados continuamente pela forma como nos comunicamos, é muito fácil perder oportunidades de emprego e estudo por não dominarmos a norma gramatical da Língua Portuguesa, sem falar nos concursos, que têm exigido cada vez mais de nossos conhecimentos sobre o que chamam de ‘norma padrão’ da língua.

“Um bom falante é aquele que consegue se comunicar nos mais diferentes ambientes”

O que quero frisar aqui é que um bom usuário da Língua Portuguesa não é aquele que domina apenas as regras gramaticais, pensar assim é limitar as várias maneiras de se expressar através de um idioma. Um bom falante é aquele que consegue se comunicar nos mais diferentes ambientes, seja numa roda de amigos, seja em um seminário na faculdade, seja em uma entrevista de emprego. Entretanto, quando o falante não consegue transitar por esses meios sociais, observamos que muito se deve à formação de base deficiente que ele recebeu nas instituições educacionais que frequentou. Voltamos, então, o olhar para os profissionais responsáveis por essa formação de base, quais tipos de instrução tiveram? Por qual processo seletivo passaram para que seus conhecimentos fossem avaliados?

“Enganos no âmbito educacional podem comprometer significativamente o êxito na conquista dos sonhos dos nossos alunos”
Atuar na área da educação requer o duro compromisso de aprender e dominar para só então ensinar e, nessa jornada, podemos servir para dois fins: reproduzir os erros que tanto prejudicam o presente/futuro dos alunos ou começar a entender o real sentido da educação enquanto possibilidade de transformação social. A falta de compromisso e de formação faz com que as limitações no uso da língua sejam levadas para as salas de aula, bibliotecas ou qualquer outro ambiente que paradoxalmente teriam a função de ensinar, de expandir, de transformar. Enganos no âmbito educacional, ao contrário, por exemplo, de erros na área da saúde, não causam mortes, mas podem comprometer significativamente o êxito na conquista dos sonhos dos nossos alunos, pensemos nisso.

Sheila Alves - Colunista sobre EducaçãoColuna Educação // Por Sheila Alves

Professora, graduada pela UPE em Letras e 
especialização em Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas.
E membro fundador da Associação Comunitária de São Lázaro (Panelas-PE).


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