Publicado em 08/01/2018 | Atualizado em 21/02/2022
Passei dez dias em Panelas. A escolha foi simples: passar 15 dias na Holanda com direito a um acompanhante com tudo pago pela minha empresa ou ir para Panelas por minha própria conta e sentir novamente sob meus pés a minha terra, sentir o calor do abraço da minha mãe, o olhar das pessoas que amo e aplacar a saudade dos amigos. Não pensei duas vezes. A Holanda pode esperar. Eu não espero e quem conviveu comigo nesses poucos dias aprendeu isso.
As alegrias que minha última viagem para Panelas me proporcionou foi imensurável. Conheci pessoas pessoalmente que só conhecia virtualmente. Conversei com o Vereador Clóvis (PRP) e senti que a oposição pela primeira vez em muitos anos tem um vereador novato capacitado para fiscalizar o executivo e fazer jus ao seu mandato. Como sempre, fiz questão de encontrar e conversar com o vereador, advogado e amigo Edson Rufino (PC do B) e sentir em suas palavras a desilusão com a podridão política. O Dr° Edson Rufino para mim sempre foi um exemplo de moralidade na política, de coragem no combate, de respeito na convivência e de profissionalismo na advocacia. Ele foi o arquétipo do representante povo. E saber de sua leitura para conjuntura atual e sua falta de pretensão de continuar sua vida pública foi um baque para mim, mas ao mesmo tempo um convite para a luta. Foi como se ele dissesse: “agora é com você, companheiro”.
Encontrei tantas pessoas que não poderia descrever em um único texto a alegria de saber que estão inspiradas e dispostas a viver por ideias que pareciam estar mortas. Conversei com pessoas que apoiam o atual governo, entendi seus motivos e discordei deles. Mas ouvi sem julgamentos ou discussões apaixonadas. Apenas numa conversa amigável de pessoas que discordam e se respeitam. Conversei também com pessoas que trabalham no atual grupo de situação, todavia, estão lá por necessidade e discordam do atual desgoverno. Têm consciência do atraso de Panelas e estão dispostos a mudar. Mudar para provocar mudança. Dei uma entrevista na Rádio Bom Jesus FM para o meu amigo Everaldo Costa e confesso que até peguei leve nas respostas. Quando chego em São Paulo recebo a notícia que todo pessoal da rádio foi demitido. A primeira notícia foi a de que o motivo teria sido minha entrevista. Não quis crer, mas sou muito desconfiado e não nasci ontem.
Eu só me permito ter fé em Deus. Desconfio de toda decisão humana. Não estou me gabando. Isto está na minha natureza. Se a explicação não for minimamente lógica, eu desconfiarei. Não consigo ser de outra forma. Toda ação ou omissão deve ser muito bem fundamentada. Caso contrário receberá minha total desconfiança. Assim foi com a decisão do dono da Rádio. “Reformar o quadro”. Para mim isso não é uma fundamentação ou justificativa. Para mim isso é uma piada. Nenhuma rádio cresceu tanto no município como a Bom Jesus FM com o pessoal que tinha. Talvez o aspecto predial precisasse de uma reforma. Talvez a construção de um estúdio decente para sediar a rádio, mas o grupo não precisava de reforma. Alguns precisavam de um pouco de treinamento para lapidar a vocação que já recebeu do Pai. O indivíduo que tomou tal decisão está confundindo “reforma” com “demolição”.
Uma rádio nada mais é do que um aparelho de comunicação a distância que propaga sinais radiofônicos a partir de uma emissora. Em outras palavras todas as rádios são a mesma coisa o que às diferencia nada mais é que as pessoas que trabalham nela, pois essas colocam seu jeito, seu espírito, sua energia, de modo que as os ouvintes trazem para dentro de sua casa essas pessoas de confiança e deixam com que convivam com sua família, que participem do café da manhã, do almoço, muitas vezes do seu sono. Sem essas pessoas o rádio se resume apenas a ondas sonoras sem sentido nenhum. Não se mexe em time que só ganha. Não se muda o que está dando certo e melhora a cada dia.
Sempre senti essa rádio de portas abertas para mim e todos os que estavam desassistidos pelo governo, pelas instituições etc. Hoje sinto que ela fechou suas portas para o que vinha fazendo e, consequentemente, para todos os que acreditavam nela. Panelas é uma cidade de pouco mais de 26 mil habitantes que não tem uma rádio. Isso é normal? Isso dá um sinal de outra coisa a não ser do atraso para o qual a cidade não para de caminhar? Sinto que esse é o sinal claro de que temos que parar de “ajudar” pessoas de fora que chegam com interesses próprios em detrimento dos interesses da população. Essa é a hora de acordarmos e abrirmos nossa própria rádio. Fazer do nosso jeito. Sermos autossuficientes e programadores de nosso próprio dia. Dar a nossa notícia do nosso jeito. Fazer tudo da forma que acharmos melhor sem intermediação de gente que não se importa. Podemos e devemos direcionar nossos esforços para termos nosso próprio veículo de comunicação municipal em vez de ficarmos recorrendo a ‘forças’ de quem geralmente não a tem e não se importa. Devemos nos fortalecer. Autossuficiência é a palavra. Fechemos, portanto, as portas da nossa casa para a Rádio Bom Jesus FM. Pare de ser conduzida, Panelas, conduza!
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected]
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