Publicado em 19/03/2018 | Atualizado em 21/02/2022
“Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas.” Uma das frases mais coerente que cansamos de ouvir, concordamos e até repetimos, no entanto, refletimos pouco sobre quão amplo é seu significado. O município panelense anda registrando mais crimes de morte que o normal. Mas não é apenas esses que você acompanha pelas mídias sociais ou aqueles nas fotos que circulam pelo WhatsApp, há muitos outros crimes sendo cometidos e encobrindo os crimes praticados porque, acreditem ou não, parte da culpa desses crimes deve ser posta na conta do desgoverno municipal.
Uma moça publicou numa rede social um vídeo revoltada com a morte de um amigo da família, que segundo a jovem, passou mal e não conseguiu ser atendido. O motivo do não atendimento, segundo o vídeo, foi porque o jovem, Janaildo de 31 anos, estava sujo. Eu tenho uma experiência pessoal para compartilhar sobre o assunto também.
Armas não matam pessoas, a estupidez mata muitas pessoas. Eu contaria, na verdade estou contando, a morte do jovem como sendo mais um homicídio. Eu poderia desconfiar da moça que gravou o vídeo e das informações que ela passou, mas não tenho razões para isso. Já a administração de Panelas, me dá muitas e muitas razões para desconfiança. Vou explicar cada uma dessas razões e em seguida compartilhar um caso em que fui testemunha ocular, pois aconteceu com um parente próximo e outras pessoas presenciaram a cena. Comecemos pelas razões.
O responsável pela Policia Militar não é o município, é o estado, mas a segurança pública (que não se resume a Polícia Militar) é uma obrigação de todos, especialmente quando envolve a morte de menores. Mas não existem somente crimes cometidos por ação. Existem também aqueles cometidos por omissão. O caso da falta de socorro narrado pela moça do vídeo, é um exemplo claro de um crime por omissão. Se o fato foi apurado, ou pelo ministério público, ou por algum processo administrativo, então, veremos qual foi o processo e o resultado dele. Se não houve nenhum nem outro, então, temos outro crime por omissão cometido; a omissão diante da omissão.
“O mundo não está ruim por conta das pessoas ruins, mas por culpa daquelas pessoas boas que cruzam os braços diante da maldade”. Essa frase é repetida com muita frequência por sábios e intelectuais. Com a devida vênia não acredito que pessoas realmente boas cruzes os braços diante da maldade, somente pessoas que fingem ser boas fazem isso. O caso do jovem assassinado por omissão no “hospital” de Panelas é mais que um exemplo de incompetência, falta de humanidade e de respeito pelo próximo. Foi um ato de covardia, e paroxismo de monstruosidade. Algo inaceitável em qualquer lugar civilizado. É vergonhoso para todos os panelenses que crimes como esse sejam cometidos porque não é um crime cometido contra um cidadão apenas, mas contra toda população.
Não é de hoje. Há uns anos atrás, meu irmão mais velho foi alvejado por um tiro de arma de fogo. Levamos para o “hospital”, chegando ensanguentado com um tiro na região abdominal a equipe que nos atendeu em vez de iniciar os primeiros socorros começou a fazer perguntas do tipo: “o que você estava fazendo para levar um tiro?”. Somente quando percebemos que o atendimento não começava de fato, meu outro irmão e eu começamos a pressionar e foi preciso ameaças e empurrões para que a equipe colocasse um soro nele e o mandassem para Caruaru. Se não fosse a reação que tivemos provavelmente meu irmão não estaria vivo hoje para confirmar a história, pois a equipe de Caruaru nos informou que alguns minutos a mais e ele teria morrido.
Não sei se o caso do jovem que faleceu foi esse, mas a minha experiência com emergência do “hospital” de Panelas não é boa e me faz ser cético em relação a qualquer explicação sem provas que isente a administração da culpa pela morte de quem quer que seja. Armas não matam pessoas, mas a omissão, a covardia, o desrespeito, a incompetência, a desumanidade, a preguiça, a mentira e a estupidez é que matam pessoas; já que tudo isso é um meio para o nosso próprio fim. Pessoas matam pessoas.
Coluna Política // Por Pierre Logan
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected]
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