Publicado em 02/07/2018 | Atualizado em 21/02/2022
Sim, sou um cara chato. Sou o coringa do baralho. A voz que você ouve gritando de fora da caixa. Sou aquele cara que vai correndo na contramão da cultura local e que não está nem aí para seguir o destino da manada. Muito pelo contrário, hoje eu só acredito em quem pulou o cercado. Sim, gosto de vinho, música e fogueira, gosto tanto que não espero começar nenhuma esquizofrenia coletiva para tomar vinho, fazer fogueira ou ouvir música nordestina. Não, não gosto dessas festas pré-fabricadas por vários motivos. Vou simplesmente expor alguns deles aqui a título de conhecimento. Minha intenção não é mudar sua forma de pensar, até porque você foi condicionado desde que nasceu a pensar como pensa, nem se eu fosse a “voz da razão” te convenceria do contrário. Nessa altura do campeonato, você conhece o mito da caverna de Platão, e sabemos que os homens optaram por ficar lá por motivos bem “convincentes”.
Em primeiro lugar saiba que existe um custo para toda essa festança. E o dinheiro não cai do céu, pois é, São João não envia dinheiro do céu. A verba sai dos cofres públicos. Paulo Câmara (PSB) depositou nos cofres da prefeitura de Caruaru, por exemplo, mais ou menos R$ 2,5 milhões. O dito “São João da Moda” de Santa Cruz, custou cerca de R$ 3,5 milhões. O MPPE (Ministério Público de Pernambuco) recomendou que a verba fosse utilizada para saúde e educação, mas adivinha quem venceu. Prioridades, minha gente. O São João merece o melhor. Nessa hora ninguém fala em democracia. Não é mais democrático que somente quem goste de festas pague por ela? Então porque todos pagam? Quem gosta, quem não gosta, quem vai, quem não vai etc., acaba pagando. Sai muito dinheiro dos cofres públicos e olhe que ninguém fala do quanto arrecadamos de acidentes, violência, putaria etc. Eu sei que a cultura tem que ser incentivada. Acho lindo isso. Mas não seria mais justo que somente quem goste incentive? Eu, por exemplo, preferiria que o dinheiro dos meus impostos fosse todo para segurança, saúde e educação.
Algum dinheiro poderia ser investido em livros de história para o povo parar de falar idiotices como “O São João é uma festa nordestina para comemorar o nascimento (ou morte) de São João Batista”. Não! O São João é uma festa Europeia, era comemorada por Celtas, Egípcios e outros povos para comemorar o início da colheita. Lembra que eu falei que São João não manda dinheiro do céu para bancar a festa? Não manda mesmo, até porque a festa originalmente não foi feita para ele (óbvio) mas para deusa juno (“junina”; sacou?), mesma homenageada com o nome do mês (junho), esposa de Júpiter. As festas eram chamadas de “junônicas”. Depois que a Igreja católica ganhou muitos fiéis, usou a coincidência das datas para comemorar o nascimento do primo de Jesus Cristo, João Batista. Daí para frente as festas ficaram conhecidas como Joaninas (por conta do joão). Depois os portugueses trouxeram para o Brasil etc. E hoje, você provavelmente não vai para igreja e nem conhece a história, vai só por causa da bebida, da dança e da putaria mesmo. Isso tudo porque como a maioria dos autômatos do mundo líquido, você é um inútil cuja serventia é apenas produzir riqueza, pagar impostos, não ter direito ao básico e ser retribuído com festas. Um atraso de vida, mas dementemente feliz. Viva São João, seu trouxa!
E assim finalizamos um daqueles artigos que você não concorda, mas que deve ter servido, pelo menos, para você saber que essas festas são só mais algumas cópias pioradas de coisas que aconteceram no mundo há algumas centenas de séculos. A única diferença é que provavelmente, naquela época, não se usava dinheiro público para isso. Os antigos achavam um atraso de vida. Cada um tinha que arcar com o custo de sua comemoração. Nós “modernos” fazemos o contrário. Somos muito evoluídos mesmo (ironia não tem nota de rodapé).
E assim caminha a humanidade, com o dinheiro público patrocinando Deputados eleitos, Senadores eleitos, Prefeitos eleitos, Vereadores eleitos, partidos políticos (entidades privadas) para elegerem políticos não eleitos (todos), grupos de “minorias”, grupos de “maioria”, artistas milionários, ministros, ministérios, privilégios, supersalários e todo tipo de coisa que vocês imaginarem e, no final, vendo se sobra para saúde, educação e segurança. E depois dos milhões investidos no São João, dos bilhões investidos nas campanhas, nos canais lixos da TV aberta, lembre-se que: o problema é a previdência. Trabalhamos, somente 153 dias apenas para pagar impostos que agora você sabe em que estão sendo investidos. Viva São João! Viva as quadrilhas! E depois ainda dizem que o doido sou eu. Santa paciência.
Coluna Política // Por Pierre Logan
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