Publicado em 09/07/2018 | Atualizado em 21/02/2022
Não se preocupe, caro leitor, eu não vou citar nenhuma frase feita. Tão pouco vou me utilizar dos “pensamentos bonitinhos” de supostos educadores, ainda que eles tenham sido canonizados pelas mesmas pessoas que, provavelmente, nunca leram nenhuma obra desses “santos” da educação. Porque se um professor começa a frase com um “não existe ensinar”, eu levo meu filho para casa, pois se não existe mesmo “um ensinar” o professor não serve para nada, já que para uma criança aprender a aprender sozinha, alguém precisa ensiná-la a fazer isso. E se ela aprender a prender sozinha, o professor serve menos ainda e a existência das escolas torna-se desnecessária. O problema é que as oligarquias políticas dominaram o país, políticos que nunca estudaram nada mandam em pequenas cidades, rios de dinheiro são enviados para educação e desviados para o oceano dos corruptos, o Brasil comemora os últimos lugares do mundo em leitura, matemática etc., e nós comemoramos “prêmios” de “tal lugar na lista de tantas escolas” ou de tal Estado. Aí surge a pergunta: Baseado em quê? Educação para quê? Não vamos estrar no mérito da questão de a “escolarização não ser o mesmo que educação”. Simplesmente pularemos o óbvio.
Antes vou fazer uma confissão: os quase dose anos que passei entre o ensino fundamental e o médio, foram os anos mais inúteis da minha vida. Simplesmente não aprendi nada de útil, me ensinaram muita coisa errada, e, em alguns casos, tive um péssimo exemplo dos meus professores. O que salvou foram os verdadeiros professores (dois ou três). O resto foi perda de tempo. Comecei a me alfabetizar praticamente sozinho depois que saí da escola, e, ainda hoje, tenho algumas deficiências que tento corrigir com muito esforço. O baixo investimento em educação muitas vezes é utilizado como desculpa para muitos profissionais da área, mas insisto que a falta de dinheiro não é desculpa.
A escola, pelo que me lembro, foi palco do meu primeiro ato de desonestidade e a única vez em que colei na vida foi por influência de um professor. Na época, durante meu ensino fundamental, existia aquele teste que chamavam de ‘provão’. Os professores diziam que nós estávamos sendo testados porque o governo queria baixar o salário deles e, para alcançarmos uma nota excelente ele desenvolveu, espertamente, um infalível método de cola. Passou cola para todos nós durante a leitura do teste e eu só vim entender a situação muitos anos depois.
Meu ensino médio foi outro desastre. Nunca ouvi falar de Sócrates, Platão, Aristóteles, Kant etc., mas “tive” aulas de filosofia de acordo com meu histórico escolar. É de acordo com o mesmo histórico que reprovei em educação física (mesmo sendo mestre em artes marciais já com aquela idade), mas no ano seguinte, e o histórico prova, eu passei com uma nota muito boa. O problema é que nunca tive sequer uma aula de educação física na minha vida, não me lembro de ter feito nenhuma prova e pelo que me lembro, minha escola não tinha quadra, nem campo e nem nada que pudessem usar para aquela finalidade. Fora o fato de diretores liberarem os alunos para comparecerem aos comícios dos candidatos da situação (não me lembro de terem liberado para a oposição), mas essa foi uma coisa boa, pois só precisei assistir um comício para descobrir que preferia assistir aula. Conversei com o diretor que me disse que os professores tinham ido para o comício e por isso não haveria aula. Por isso repito sempre que perdi tempo demais na escola e a culpa foi de alguns professores (a maioria), de alguns diretores, do sistema quase todo e, talvez, pouquíssima culpa tenha sido dos políticos e do baixo investimento na formação dos professores. Até porque dinheiro não deixa ninguém inteligente e nem melhor. Basta ver o salário dos vereadores da cidade e as obtusidades presentes em todas as suas falas.
Por que estou dizendo isso? Porque acompanhei escolas comemorando prêmio de qualidade nisso ou naquilo. Universidades e cursos dizendo que são os números “tal” numa lista de tantos. Percebo que é assim faz tempo e me pergunto o motivo de no plano prático, na vida real, na sociedade, na postura dos cidadãos educados por essas instituições, a capacidade crítica, intelectual ou mesmo de leitura básica não aparecerem. As oligarquias continuam no poder e aparentemente os alunos estão completamente “por fora” do que está acontecendo. Os professores continuam reclamando dos salários, fazendo greves, mas continuam aplaudindo os políticos quando discursam. Os mestres parecem não ensinarem quem são os verdadeiros inimigos, os alunos parecem não saberem que o desgoverno municipal é a verdadeira desgraça e isso não tem a ver com subjetividades. É uma questão objetiva: são processos com trânsito em julgado, recomendação de rejeição de contas, acusações de burlas de licitação, funcionários ilegais na prefeitura, funcionários fantasmas na câmara e o imbecilismo imperante. Se a educação não serve (porque não está servindo) para formar cidadãos, então, ela serve para quê?.
Quando converso com alunos do final do ensino médio que não entendem a diferença entre legislativo, executivo e judiciário eu explico e vejo que ainda temos esperança, mas quando vejo professores que não entendem o que cada poder faz, aí é demais. Mas depois me lembro que Joelma Duarte (PSB) se diz professora, mesmo sem saber organizar uma frase simples, não sabe falar e se consegue pensar de maneira lógica nunca provou tal fato. O que salva são os poucos professores que realmente sabem e que dão aula de vida e recebem os mesmos salários que todos os ruins. Tive poucos, mas agradeço e me recordo de cada um deles. A educação serve para ensinar, inclusive aos próximos políticos, que devemos tomar muito cuidado com os destinos de nosso país. Porque todas as profissões passam pelo ensino básico, isso é verdade, mas isso inclui os políticos que temos hoje no poder. O que será que aprenderam na escola?
Formando em Direito, Licenciando em filosofia, possui formação em Direito Eleitoral, Administrativo, Fundamentos do Direito Público, Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Compositor, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente atua na área jurídica e também é colunista do Jornal SP em notícias. Contato: [email protected] ou [email protected]
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