Publicado em 20/05/2019 | Atualizado em 21/02/2022
Se você ainda não leu o livro 1984 do escritor, jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell, entre na livraria do Movimento Cultural e compre a obra, pegue numa biblioteca ou, ainda, baixe pela internet. Essa obra, publicada em 1949, traduzida para mais de 65 países, que já foi transformada em filme, teatro, gibi etc., e além de ser uma das mais lidas, continua até hoje atualíssima. O escritor descreve um regime totalitário, pois o governante controla tudo e todos. Orwell não somente mostra de maneira visceral o controle social promovido por um governo, mas como aos poucos alguns cidadãos são dominados, adestrados e acabam se acostumando com o referido sistema. Obviamente o autor não estava pensando em cidades do interior pernambucano, todavia, para nós que conhecemos a realidade provinciana, fica fácil comparar e concluir que há mais semelhanças do que gostaríamos de supor.
Enquanto você, meu caro leitor, está se distraindo com coisas inúteis como festas, redes sociais, expondo sua vida e, em alguns casos, arruinando a própria reputação, o governo, ou melhor; “O GRANDE IRMÃO” está de olho em você. O governo analisa tendências, busca dados, informações e tenta achar um padrão de comportamento como, por exemplo, o que está sendo consumido, o que você assiste na internet, assuntos sobre os quais gosta de comentar. Até mesmo coisas que parecem inocentes como sua cor preferida, a música que ouve, como se veste e o que gosta de ler (se é que gosta). Somente assim podem traçar um perfil e descobrir a melhor maneira de te controlar. O que isso tem a ver com Panelas? Vejamos!
Panelas, uma cidade com cerca de 26 mil habitantes, a maioria com acesso a internet pode buscar informações, mas preferem usar a liberdade para se prender em redes sociais. Ainda assim, qualquer manifestação de alguém do grupo político da prefeitura que seja considerada inadequada é imediatamente rechaçada pelas “autoridades” competentes. Já tivemos casos descritos neste site em que a prefeita reclamou publicamente de uma postagem (que foi retirada do ar) de uma cidadã. Ela estava de olho.
Claro que o controle de uma prefeitura não é feito através de teletelas, mas sabemos que existe o controle. Eu mesmo quase fui vítima disso. Quando comecei com minhas críticas, muita gente veio me aconselhar a parar, depois outras ameaçaram, depois houve até agressões verbais e, finalmente, “amigos” e familiares mantiveram a velha “distância de segurança” de mim. Eu, honestamente não perdi nada, mas percebi que há perseguição, monitoramento e tentativa de controle. E se pararmos para pensar, nas cidades do interior, sempre há um “grande líder do partido” que se mantem no poder eternamente. Pensem bem; quem tem vinte anos hoje não conhece nenhum governo que não tenha sido, pelo menos, indicado por alguém que não seja o líder do atual grupo que governa a cidade.
Outra semelhança com o livro 1984 é o fato de o autor mostrar sempre o perigo da independência do pensamento. Ninguém na obra de Orwell está autorizado a pensar por si. O governo estabelece o “crime de pensamento” (novilíngua) ou crimeideia (crime + ideia). No município de Panelas é diferente? Tomem como exemplo a minha própria história. Eu não sou nem eleitor e nem candidato da oposição. Não sou alinhado com absolutamente nenhum grupo político ou partido que esteja no polo oposto do atual governo, ainda assim, sou odiado e excluído de tudo o que se possa imaginar. Qual foi meu crime? Meu crime foi pensar. Eu tenho uma ideia diferente, discordo que se possa contratar parentes e que deve haver concurso público sempre que se precisar de funcionários. Acho que deve haver apoio para artistas locais. Penso que não devemos aprovar contas que são repletas de ilegalidades, abusos e desvios. Argumento não só mostrando os fatos e apontando o dispositivo jurídico, mas com dados oficiais.
Cometi o crime de pensar e de discordar do governo. Esse foi o crime de Pierre Logan; Jovem de família humilde que em dez anos conseguiu realizar o sonho de se alfabetizar, ser advogado e professor de filosofia. História diferente da dos vereadores que continuam analfabetos, nunca estudaram nada e a maioria nunca apresentou um projeto. Eu realizei tudo por esforços próprios e com o apoio de uma parte da família, amigos etc., os vereadores fizeram absolutamente nada custando mais de um milhão de reais do seu bolso, panelense. Eles deveriam responder por seus atos, mas fizeram tudo em nome do “grupo” ou “partido”. Eles acertaram, eu cometi “crimeideia”.
O livro é uma distopia. Nessa obra, o governo controla não apenas as ações, mas também tenta controlar os pensamentos dos cidadãos, quem pensa diferente tem seu pensamento desaprovado e pode ser punido severamente. A punição na vida real, em Panelas, é não pela morte, mas pelo ostracismo. Muitas vezes alguns “amigos” dizem querer conversar comigo, desde que seja num lugar escondido, onde ninguém “do partido” possa ver para ele não ser prejudicado, pois trabalha na prefeitura. Muitas vezes falam comigo no privado do face ou através de terceiros, para que “o grande irmão” (líder máximo do grupo) não fique sabendo.
George Orwell avisou, eu li a obra prima do autor e avisei, mas tudo indica que uns não querem pensar porque é trabalhoso, outros porque é perigoso e existem ainda os que não pensam porque perderam a capacidade de refletir. No final das contas o “partido” venceu e o “grande irmão” continua sendo reeleito.
“Viveremos uma era em que a liberdade de pensamento será de início um pecado mortal e mais tarde uma abstração sem sentido.”
George Orwell
Coluna Política // Por Pierre Logan
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciando em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia – Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias.
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciando em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia – Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias.
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