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A CAMPANHA JÁ COMEÇOU EM PANELAS

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Publicado em 03/06/2019 | Atualizado em 21/02/2022

Quando digo que “a campanha já começou em Panelas” alguns me olham com desconfiança. Eles olham ao redor e não enxergam bandeiras, nem cartazes, nem música tosca repetindo o número do candidato e nem outras babaquices eleitoreiras. Até agora não apareceu ninguém anunciando sua pré-candidatura. Observando essa ausência de “elementos”, concluem apressadamente que não estamos em campanha. O que poucos cidadãos sabem, porém, muitos desconfiam é que quando os políticos se mostram como candidatos, muita coisa já ocorreu nos bastidores do jogo eleitoral.

Em primeiro lugar vamos delimitar bem o conceito da palavra “campanha”. Do latim campus, que quer dizer “área cercada”. Depois de um tempo o uso foi se expandindo e passou a significar área plana, posteriormente o uso tomou vários significados diversos; lugar adequado para plantio, ambiente de enfrentamentos de tropas e também o que pretendo desenvolver aqui: “conjuntos de esforços para atingir um fim”. Daí vem o termo “campanha eleitoral”. Essa palavra é usada na política para descrever o período que antecede uma eleição e durante o qual os candidatos a um cargo público se apresentam à população na tentativa de se promoverem e de angariarem mais votos. A lei delimita um tempo em que é oficialmente permitido se promover perante o público alvo, todavia, é do período anterior a esse que quero me referir.

Sabendo que para leitura deste texto o conceito de campanha será: “conjunto de esforços para atingir um fim”, já parou para pensar o quão estranho é o fato de numa cidade de pouco mais de 26 mil habitantes somente duas ou três pessoas se sentirem dispostas a representar a população? Não é estranho que num mais de mais de 210 milhões de pessoas pouco mais de uma dezena se candidate? Pois é, caro leitor, o nome disso é “filtro partidário”. O conceito de sufrágio universal em qualquer manual de jurídico é: direito de votar e ser votado., e a maioria dos manuais de juristas reconhecidíssimos pela sua extrema sabedoria, burramente e repito: BURRAMENTE diz que qualquer eleitor no Brasil tem esse direito. Pois eu, panelense nato e humilde advogado que mais do que ler, também costumo refletir sobre o que estou lendo, em vez de repetir o que os renomados juristas dizem sem pensar, afirmo que somente quem é filiado a um partido político tem esse direito (estou trabalhando em um livro sobre o assunto). Sim, claro! Ora, se sufrágio universal é o direito de votar e ser votado, somente um filiado partidário tem esse direito, tendo em vista que a Constituição Federal só autoriza um filiado a ser votado. Logo, alguém que não tem partido político, não tem direito ao sufrágio universal porque só pode votar. O que isso tem a ver? Vamos ao ponto.

Digamos que eu queira me candidatar e por isso sou obrigado, para ter direito ao sufrágio universal, a me filiar a algum partido político. Como de vez em quando gosto de ser obediente (e somente de vez em quando) eu topo me filiar. O partido faz uma reunião supostamente democrática e diz que ali vão escolher um nome para apresentar ao povo como candidato (mentira, porque quando tem essas reuniões eles já negociaram tudo), eu digo que eu quero ser candidato, ganho na argumentação, mostro preparo, mas tenho que aceitar que o meu oponente político será o candidato, afinal, ele tem uma coisa que eu não tenho: é filho de um político conhecido, ou amigo, ou parente de outro grau qualquer. Eu sou filho de Nel Pavarotti (alcoólatra por opção) com Dora do Jundiá. Onde está meu sufrágio universal? Está preso dentro do filtro partidário. O que temos no nosso país, portanto, é ilusão de democracia. Temos a ditadura dos partidos políticos. Mas, afinal, o que isso tem a ver?

Os nomes escolhidos seriam supostamente os de sempre ou nomes alinhados aos de sempre. Grupos definem quem é que vai se candidatar e por isso nos dão opções limitadas, de modo que seja impossível escolher alguém de fora do “esquema”. Te dou, por exemplo, cinco opções: a, b, c, d, e. Percebeu como limitei sua escolha? Você antes das opções tinha o alfabeto inteiro, agora será impossível escolher “f” ou “g” etc., eles estão fora do “esquema”.

Concluindo, o esquema está sendo montado agora enquanto você, caro leitor, lê esse texto. O esquema estava sendo montado enquanto você trabalhava, assistia sua série ou tomava uma. O esquema estará sendo montado enquanto você se diverte, se masturba vendo sacanagem na internet ou joga conversa fora pelas redes sociais. O esquema está te engolindo porque o esquema é “um conjunto de esforços para atingir um fim”. E o fim é que você não tenha escolha nenhuma fora da bolha criada para te fazer acreditar que você tem alguma opção. Como diria o Capitão Nascimento em Tropa de Elite 2; “o sistema é foda, parceiro”. Você paga a música, a prostituta e a conta, mas fica fora da festa. O problema é que o “esquema” nunca dura muito tempo, pois sempre aparece um “doido” para acabar com a festa. A campanha começou, panelenses, preparem-se! 


Coluna Política // Por Pierre Logan
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciando em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia – Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias. 


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