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PANELAS E O MEDO DA MUDANÇA

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Publicado em 10/06/2019 | Atualizado em 21/02/2022

Não é exclusividade do povo panelenseo receio quase que instintivo de sair da zona de conforto. Isso é uma tendência de praticamente todo ser humano, especialmente os que prezam pela rotina, pela repetição diária e pela famosa ilusão da segurança. O medo do desconhecido. O medo da atualização. O medo do novo. O medo do que pode mudar tudo porque tudo sempre pode piorar. Isso é natural, especialmente quando a novidade ameaça pôr em dúvida tudo o que nós acreditamos piamente ser a realidade. E mesmo que seja verdade o que a novidade traz, ficamos receosos, já que a mentira parece ser algo menos perigoso e desafiador do que a verdade.
O problema é que nenhuma sociedade sobrevive quando é guiada apenas pela mentira. Penso que não somos donos da verdade e nem detentores do que é justo. Somos buscadores da verdade e eternos servidores da justiça. Isso quando nos comprometemos com a realidade, pois a mentira não é outra coisa, senão a negação da realidade. E o que é a realidade? Ora, é um mundo que nos cerca. É o fato. É aquilo que está diante de nós e não a interpretação que fazemos.
Pois bem, durante mais de duas décadas o panelense vem sendo compelido a negar a realidade. O desgoverno frequentou uma rádio de outro município para falar de Panelas sem nunca explicar porque Panelas não tinha sua própria rádio. O município viu seu vizinho, Cupira, que antes era uma vila panelense, crescer e ficar economicamente mais sólida do que a própria Panelas. E o que se fez com esse dado real? Apenas se fez uso de retórica falaciosa para dizer que o município é pequeno, mas vai crescer; é carente, mas está melhorando; é atrasado, mas é promissor. Enfim, se afirma a realidade (“pequeno”, “carente”, “atrasado”) e se faz uma conclusão falsa (“vai crescer”, “está melhorando”, “é promissor”). Em outras palavras, os políticos sabem qual é a realidade; à descrevem, mas negam a existência da consequência da realidade. Citar dados reais e fazer conclusões falsas é um meio de ludibriar os espectadores que viram expectadores eternos do que jamais virá.
Dado da realidade: falta água na cidade desde a década de 90 (antes disso não se tem notícia). Dado da realidade: os mesmos políticos que estão no poder hoje prometeram desde a década de 90 que resolveriam o problema. Pediram recursos, supostamente também gastaram recursos, decretaram estado de emergência, prometeram mais uma vez, foram eleitos várias vezes e o problema ainda é o mesmo. Não chove menos hoje em dia do que antigamente. Do meio para o final de abril chove, depois para. Do meio para o final de junho chove, depois para e mais uma vez no final de ano dá um sinal de chuva rápido. Depois chove novamente logo após o carnaval. Sempre foi assim! Chuva é coisa de Deus, minha gente! A seca é que é coisa de ser humano.
Se os políticos ganhassem alguma coisa com o bem do povo, eles ouviriam AntônioConselheiro e fariam o sertão virar mar. Conclusão: A seca mantém as pessoas constantemente necessitadas; elas recorrem aos que têm meios financeiros de suprir a falta, os políticos têm os meios e promovem assistência. A população sente que precisa daquela figura “protetora” e confia nela.
O que o cidadão não está percebendo é que esse ciclo, que chamo de retroalimentação da desgraça, é utilizado pelo agente político que alimenta a desigualdade e se alimenta da desigualdade. Logo, quando ele presta assistência, em vez de resolver o problema, ele está colocando mais lenha no forno da cremação do progresso. O sistema simplesmente funciona assim: os mesmos nomes sempre estarão no poder, as mesmas pessoas sempre estarão precisando, e assim os grupos oligárquicos estarão cumprindo seu papel de chefes do curral eleitoral e financeiro dos coronéis.
Isso é assustador, mas por incrível que pareça, a maioria da população teme a mudança. E seguem com aquelas perguntas: como seria se o município só contratasse por concurso público? Eu passaria? O que aconteceria se a meritocracia fosse a grande responsável pela entrevista pré-contratação? O que aconteceria aquele vereador que tanto “me ajuda” não o fizesse mais? Como seria minha vida se a cidade deixasse de ser “pequena”? Como viver num lugar onde a educação prevalece sobre o status? E depois eu passo a fazer meu papel socrático e perguntar: com quem você se parece quando não está de máscara? Como seria sua vida se tudo o que acredita ser real não passasse de uma mentira? Você que sabe dos “cambalachos” dos seus amigos e parentes, se sente cúmplice em algum momento? Você que trabalha há anos na prefeitura, quantos tempo de contribuição tem? Com que carimbo gravaram sua carteira de trabalho? (ela está carimbada?).
O medo da mudança é perigoso. A notícia boa é que somente quem tem medo pode ser corajoso, já que a coragem nada mais é que ter medo e agir apesar dele, ou seja, enfrentar o medo com inteligência. A mudança pode ser conquistada nos pequenos momentos do dia. O sistema pode ser vencido por panelenses que se recusam a viver eternamente na mesma bolha (para usar uma expressão do meu irmão Jotta-Jotta). A bolha é a limitação. A bolha é a caverna. A bolha é o medo do que estápor vir. O que posso garantir é que o que estápor vir, caros conterrâneos, é inevitável. Shakespeare foi assertivo ao dizer que a mudança terá que acontecer, o que tiver de vir virá e o “estar pronto é tudo!”.

Coluna Política // Por Pierre Logan
Advogado, Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Pós-graduando em Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Filósofo e licenciado em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Membro do Seminário de Filosofia – Olavo de Carvalho e da Jovem Advocacia de São Paulo. Compositor e intérprete, gravou no final de 2015 o disco Crônicas de Um Mundo Moderno. Atualmente faz parte do Sindicato dos Compositores e intérpretes do Estado de São Paulo, também é comentarista político na Trianon AM 740 e colunista do Jornal SP em notícias. 


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