Publicado em 16/05/2012 | Atualizado em 21/02/2022
A educação profissional vive um momento decisivo. A procura por esse tipo de ensino atingiu patamares inéditos no Brasil e em Pernambuco. Só que não o suficiente para matar a fome do mercado de trabalho, em especial do voraz setor industrial. Salários altos e emprego certo, por incrível que pareça, se mostram ineficientes para corrigir a atual distorção do nosso sistema educacional. Apesar de cada vez mais jovens estarem buscando aprender uma profissão, pode-se dizer que ainda falta um maior interesse do público-alvo.
A dura verdade é que o desejo pelo diploma universitário, uma cultura secular no Brasil, mascara um preconceito enraizado na sociedade: de que ensino profissional é coisa de pobre. Em 2011, Pernambuco contava com 31.411 alunos matriculados em cursos técnicos, públicos e privados. Mas análise da consultoria Ceplan mostra que somente as demandas até 2014 de dois segmentos econômicos, a construção civil e a indústria metalmecânica, são de 32.500 novos trabalhadores por ano. O equilíbrio está distante. São 9 milhões de estudantes de Ensino Médio no Brasil.
Um milhão desses jovens fazem um curso profissional. Aproximadamente 11%. Pernambuco está próximo disso, com 8,8%. Em países industrializados e mais livres de preconceitos contra o ensino técnico, como Inglaterra e Alemanha, o percentual salta para 30%. Em Pernambuco, pensar num patamar dessa ordem só será possível em 2016, pois é para esse ano que se espera o funcionamento pleno de 60 escolas técnicas estaduais, com capacidade, cada uma, para 1000 alunos. Hoje são 20, sendo que seis ainda não têm prédio próprio. A história explica a barreira cultural quando o assunto é ensino profissional no Brasil.
No final do século XIX, quando foram criados os Liceus de Artes e Ofícios nas principais capitais das então províncias – no Recife, a instituição surgiu em 1880 – o público-alvo eram as crianças órfãs e abandonadas. Anos depois, em 1909, foi a vez das escolas de Aprendizes Artífices, destinadas aos pobres e humildes. “A ideologia era de que os filhos das classes dominadas deveriam ter uma formação básica para atender às necessidades do mercado.
O ensino técnico só ganhou valor nas décadas de 1970 e 1980, quando o setor industrial teve impulso no Brasil”, conta a Reitora da IFPE, Cláudia Sansil, lembrando que deveria partir da família o primeiro passo para derrubar o preconceito. Segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria, Rafael Lucchesi, “o sonho da família brasileira é ter um filho doutor.
O que não se percebe é que os jovens são treinados para o vestibular. Desenvolvem um suposto senso crítico de que um operador de máquinas é um profissional adestrado, quando, na verdade, hoje, as carreiras profissionais são as que possuem maior empregabilidade e melhor remuneração”. Os índices de formação básica e fundamental no País formam outro impedimento no acesso à educação profissional: são vergonhosos 14 milhões de adultos analfabetos, sem contar os analfabetos funcionais. Todos esses cidadãos brasileiros estão desprovidos do conhecimento mínimo necessário para ingressarem numa sala de aula técnica.
Fonte: Jornal do Commercio
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