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O voto dos alfabetizados

Uma vez aprendi em um curso que fazia aqui, em São Paulo, que tivesse muito cuidado com o que divulgava em meu facebook. Disseram-me que tudo o que postava ou compartilhava poderia ser visto por alguma empresa na hora de fazer meu contrato e que minha contratação poderia não ser feita se eu não tivesse o “Perfil” da empresa.
Pois bem, sabemos que políticos mentem, dos dois lados, durante campanhas eleitorais. Sabemos que esses senhores costumam encobrir verdades, não assumir erros, inventar motivos para fazer com que a população desconfie do seu adversário. Isso serve para todos os lados, partidos e posições políticas.
Já houve um tempo em que se discutia muito sobre o voto dos analfabetos e usavam como argumento o fato das “pessoas que não tinham instrução” serem enganadas muito facilmente. Naquela época não havia como constatar se isso acontecia, mas imaginávamos que alguém que não tinha estudo podia ser enganado.
Não quero puxar sardinha para o lado de ninguém e por isso não vou me referir a ações, projetos, leis criadas por partidos ou por políticos porque seria impossível fazer isso sem contribuir para um lado ou para outro. O único objetivo desse texto é mostrar como as pessoas alfabetizadas estão sendo enganadas ou como estão enganando já que há, também, a possibilidade de que essas pessoas saibam que estão compartilhando informações falsas, enganosas e muitas vezes atribuindo as ações de um partido ao outro propositalmente.
Esses dias uma antiga professora minha compartilhou uma informação em sua linha do tempo que dizia que as pessoas que usavam determinado serviço deveriam votar em determinado político, pois o partido dele havia criado tal projeto. Escrevi rapidamente que havia um equívoco na informação compartilhada (apesar de a informação estar beneficiando o candidato que eu apoiava). A minha ex-professora não respondeu e continuou postando coisas do tipo.
Em outro momento um professor de história escreveu um longo texto em seu perfil sobre os motivos que faziam com que ele defendesse tanto um candidato. Não vou negar que a história recente do Brasil é bem complicada e são pouquíssimos livros que tratam do assunto, e, os que existem quase sempre são escritos por partido “A” VS “B”, entretanto, achei que deveria esclarecer alguns pontos que não chegavam nem perto da realidade no texto do meu ex-professor. Resultado: fui excluído do rol de amigos virtuais dele. O pior é que, nesse caso, eram informações básicas que qualquer estudante de primeiro semestre do curso de história deveria saber.
Outra coisa que me deixou muito triste e, dessa vez foi meio que pessoal, aconteceu quando um professor meu me telefonou e perguntou de que lado eu estava. Ele disse que nós “que pensávamos” (meio irônico mesmo) deveríamos conduzir as pessoas para o voto certo. Eu não poderia dizer em um grupo do candidato que eu apoiava que ele falhou em alguns pontos. Não poderia trazer a tona fatos históricos que o prejudicasse e também não poderia assumir publicamente que o candidato do outro lado está ou já esteve com a razão. Fiquei decepcionado com esse conselho e passei boa parte da noite refletindo sobre.
O resultado de todos os pontos das reflexões que fiz, foi que não há esperança para o Brasil, pelo menos até as próximas gerações. Ninguém quer saber da verdade. Ninguém quer ter aquela imparcialidade que tanto exigem da justiça. Em época eleitoral quem apoia um partido, na maioria das vezes, obedece cegamente a ideologia desse partido. Como reclamar do que os membros do partido nazista fizeram quando obedeceram cegamente as ordens do Fuhrer, se, mesmo que em questões menos graves, obedecemos cegamente “ordens” de nossos partidos? Se, enganamos, escondemos, induzimos pessoas ao erro propositalmente, então, como reclamar dos políticos? Como dizer que “nenhum presta”? E a ultima e mais dolorosa pergunta: estudamos tanto para enganar os outros e nos filiarmos a uma ideia partidária, seja ela qual for, ou para escolhermos com sabedoria, discernindo de forma consciente quais os melhores caminhos para o Brasil?
Tenho amigos do PT que votam na Dilma só porque ela é do PT e justificam seu voto baseado no que o Lula fez. Faz sentido? Temos o oposto também. Conheço pessoas que vão votar no Aécio porque acreditam que o Fernando Henrique Cardoso fez um bom trabalho. Faz sentido?
Tenho meus motivos para apoiar determinado candidato, mas não será por seu partido, nem pelo seu antecessor, nem pela sua aparência, nem pelas coisas que a mídia mostra aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo. Aprendi que devo escolher baseado em uma serie de fatores sociais, econômicos e históricos que, mesmo que me levem a votar, não provam que estou certo. Já posso ouvir os gritos de comemoração quando os votos da ultima urna forem apurados. A ilusão dos vencedores. Só saberemos se fizemos a escolha certa anos depois.
Concluímos que não interessa se você é alfabetizado ou não, pois se pertencer a um partido seu voto será igual ou motivado pelo partido. Não importa se você é analfabeto ou possui três milhões de faculdades, já que se você for militante de um partido seu voto não só valerá a mesma coisa como será induzido pelo que o seu partido diz e não pelo que você aprendeu, já que imparcialidade pressupõe não tomar partido.



“Ninguém quer saber da verdade. Ninguém quer ter aquela imparcialidade que tanto exigem da justiça.”

Por Pierre Logan


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1 comentário em “O voto dos alfabetizados”

  1. Toda vez que posto algo na internet, espero pacientemente que alguém me corrija, nunca sei se o texto é verídico e geralmente posto coisas que li igual em diversas fontes, ou que foram postadas, por pessoas que consideram mais inteligentes do que eu. Mais nunca acredito que fiz o correto. Meu voto é igual, geralmente só sei as más escolhas que fiz, muito depois, mas fico de olho, para não cometer os mesmos erros.

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